As prisões do ex-presidente Michel Temer e do ex-ministro de Minas e Energia Moreira Franco por suspeitas de corrupção na obra da usina nuclear de Angra 3 não devem impactar nas tratativas para a retomada a construção da usina que estão sendo conduzidas pelo governo e pela Eletrobras. De acordo com o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, o caso foi estudado pela estatal durante dois anos e houve uma investigação privada e independente, em que tudo identificado foi apontado, contratos suspeitos foram suspensos e pessoas demitidas.

“Não há nada que tenha sido feito na sequência disso que não tenha considerado esse ponto. A usina hoje não tem nenhuma contaminação desse processo”, explicou o executivo, que participou nesta sexta-feira, 22 de março, da cerimônia de 45 anos do centro de pesquisas de Energia Elétrica, no Rio de Janeiro (RJ).

Ferreira Junior disse ainda que o processo está sendo conduzido com base em delações que a Eletrobras teve acesso. Ela foi aceita como assistente de acusação. Segundo ele, nada do que foi feito desde então e será feito no futuro está ligado a esses contratos em destaque. Segundo ele, após a seleção de um parceiro internacional, serão iniciados novos processos de seleção de subcontratantes junto com o parceiro, respeitando as regras de conformidade. “Não há porque imaginar uma contaminação”, ressalta.

Capitalização – Sobre uma eventual capitalização das controladas em lugar da holding, o executivo disse que não há uma conclusão ou escolha, apenas a concordância que a empresa precisa da capitalização para crescer. Segundo ele, há um grupo de estudos debruçado sobre o tema, que deverá apresentar um parecer que poderá ser inclusive adotado em outas estatais.

Cepel – Mesmo com a eminente privatização da Eletrobras, o centro de pesquisa caminha para ser preservado. A importância do Cepel foi ressaltada tanto por Ferreira Junior quanto pelo ministro Bento Albuquerque. Ainda não há um consenso sobre o modelo ideal para ele. O presidente da Eletrobras elogiou a contribuição do Cepel para o setor elétrico. “É o maior centro de pesquisa na área da América Latina”, aponta. Ele lembrou que em 2016 a dependência financeira da holding era bem maior do que a atual. Hoje ela responde por 42,5%, as controladas do grupo por outros 42,5% e operações de fora são 15%.

Em entrevista exclusiva à Agência CanalEnergia, o diretor geral do Cepel, Marcio Szechtman, revelou que o melhor modelo seria que o centro tivesse característica semelhantes à da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica e do Operador Nacional do Sistema Elétrico, que tem os seus orçamentos garantidos.