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No intuito de alcançar cada vez mais níveis de excelência em sua atuação, a Chesf pretende investir R$ 90 milhões em sua área de P&D ao longo deste ano para projetos que se alinhem ao plano estratégico da empresa de expansão na geração a partir das renováveis e de modernização dos ativos e conexões já existentes, trazendo melhorias e praticidade aos processos operacionais e que possam vir a se tornar produtos aplicáveis; que ganhem vida após seu desenvolvimento, proporcionando avanços tecnológicos e benefícios para empresas, consumidores e o setor elétrico em geral.

“A energia tem que ser trabalhada, pesquisada, sempre com o fator da economicidade. Gerar mais por menos, esse é o ponto crucial do nosso foco”, resumiu José Bione, engenheiro da área de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Chesf, afirmando que a ordem de grandeza dos investimentos seguirá para os próximos anos, com iniciativas envolvendo diversas entidades e instituições de pesquisa da região Nordeste.

Num cenário de constante inovação tecnológica e desafios impostos por uma conjuntura globalizada e um mercado competitivo, a companhia pretende trabalhar em 2019 com o desenvolvimento de cinco projetos estratégicos em sua carteira. Um dos destaques é uma planta híbrida – fotovoltaica e eólica – que começará a ser implantada em 2020 na Bahia, com o Senai Cimatec sendo encarregado pelas obras. A usina de 4 MW irá integrar a incidência dos ventos com a captação dos raios solares na região, aproveitando o fluxo de geração e potência dessas fontes, com a energia podendo ser acumulada em um sistema moderno de armazenamento.

“No momento em que a geração eólica é reduzida, a captação solar tende a aumentar. Ter uma infraestrutura que possa ser otimizada para atender a essas duas fontes de relação evidentemente vale a pena, aumentando nossa perspectiva de geração”, comentou o engenheiro. O projeto já foi delineado e os agentes estão no momento tratando das questões burocráticas do processo de contratação, que segundo ele estão encaminhadas. “Falta ainda abrir ainda alguns processos de licitação para iniciar a construção”, comentou, afirmando que outros centros de excelência no país irão fazer parte da iniciativa, que contará ao todo com 90 pesquisadores em seu desenvolvimento.

Outra ação prevista para a área é a segunda etapa do Centro de Referência em Energia Solar de Petrolina – Cresp, implantando no sertão pernambucano em 2017 para geração e aplicação do conhecimento em energia fotovoltaica. A primeira fase contou com investimentos de R$ 30 milhões em uma planta de 2,5 MWp conectada à rede, além da entrega de um edifício no centro de Petrolina com ambientes para debates sobre a evolução tecnológica da fonte, salas de monitoramento e laboratórios de pesquisa. A segunda etapa está prestes a ser contratada, com o acréscimo de 0,5 MW à Planta Básica, como é conhecida. Também foi revelado planos para duas usinas termossolares, uma sob configuração de torre central, para testes de armazenamento e outra em calha parabólica, com 1 MW de potência instalada para geração, o que deve completar o portfólio do projeto para este ano.

Seguindo o planejamento, a UFV que flutua sobre o lago de Sobradinho será ampliada em 4 MW, passando de 1 MW para 5 MW. O empreendimento conta atualmente com quase 50 mil placas solares a um custo de R$114 milhões, com R$ 57 milhões sendo empregados pela empresa em três anos de execução do projeto, que permite aproveitar as subestações e as linhas de transmissão das hidrelétricas e as áreas sobre a lâmina d´água dos reservatórios, evitando desapropriação de terras. As placas também se adequam às mudanças de nível que ocorrem no lago, resistindo às flutuações aquáticas.

Um exemplo de produto de P&D que já representa uma fonte alternativa de recursos para a empresa é o Smart Alarm, um sistema para monitoramento de segurança da parte operacional de linhas de transmissão que foi patenteado, sendo utilizado por outras companhias. Nessa sentido também foi desenvolvido o uso de Vants específicos para supervisão e inspeção de LTs: são como drones, mas possuem maior autonomia para percorrer diversas áreas, gerando economia em manutenção, além de trazer maior segurança para equipes de trabalho em regiões de difícil acesso físico. “É um novo viés de trabalho com produtos que gerem recursos e negócios, além de iniciativas que desenvolvam startups para cidades mais inteligentes”, comentou Bione.

Essa perspectiva comercial e rentável que os projetos podem trazer reúne o conhecimento de pesquisadores, universidades e propriedades intelectuais ao novo cenário de evolução digital do setor, que passa pela introdução dos conceitos de inteligência artificial, indústria 4.0, big data, segurança cibernética e realidade virtual e aumentada. “É uma nova roupagem que estamos trabalhando. Como área de pesquisa não podemos descartar nada que possa a vir nos favorecer e melhorar nossos resultados”, lembrou o engenheiro, dando o exemplo de que há vários países no mundo que possuem uma produção de patentes e investimentos altos em pesquisa, e que a Chesf deve com o passar dos anos elevar seu patamar, saindo de uma situação acomodada para um “cenário mais aguerrido”.

Ele afirma que há uma preocupação com a performance para que os resultados apontem para uma nova liderança da empresa na geração e outros quesitos de excelência, “um lugar onde a companhia nunca deveria ter saído”. O lugar a que o Bione se refere na verdade foi um período de dez anos de “certa dificuldade” em que a concessionária passou por conta da medida provisória 579, que acabou causando a desvalorização de empresas de energia frente ao mercado, com forte queda no preço dos papéis. Com a Chesf não foi diferente, tendo que se reinventar em sua área de P&D durante este processo, sendo atingida principalmente entre 2015 e 2016. “Antes tínhamos uma boa aplicação de recursos, com grande diversidade de pesquisa e atuação, na geração, em segurança ou ambiental. Devido aos problemas trazidos com a MP, não se pode dizer que parou, mas houve uma considerável reduzida”.

O ano de retomada nas atividades foi em 2017, quando foram aplicados os projetos e os devidos investimentos em consonância aos planos estratégicos da empresa. Antes, segundo o engenheiro, havia um modo mais tradicional de pesquisa, com editais, propostas e coletas, o que causava uma pulverização de muitos temas e que no final das contas entregava, é claro que sem generalizar, estudos que acabavam sendo muito superficiais e que não traziam o resultado desejado. O ponto de partida então foi criar uma área específica para o P&D com ênfase em propostas voltadas para criação de novos objetos, patentes e propriedades intelectuais, no intuito de se concentrar nos resultados efetivos, o que deu uma nova roupagem e perfil a esse segmento dentro da companhia.

“Identificamos essa questão e então mudamos um pouco nosso perfil de ação. Hoje preferimos menos projetos, mas iniciativas maiores e que possam abranger várias etapas, com os resultados exigidos pela Aneel e outros que possam melhorar nossos processos e existência”, comentou José Bione, concluindo que é preciso haver integração entre os objetivos dos executores, dos agentes e da empresa. “Ao investir, precisamos que a universidade dê um retorno para a gente, e que também se beneficie é claro. É preciso que todos ganhem”.