A Companhia Energética de São Paulo (Cesp) fracionou sua compra de energia para fugir dos preços altos e conseguir reduzir o custo de sua exposição em 2019, disse o diretor Financeiro e Relações com Investidores da empresa, Mário Antônio Bertoncini, na primeira teleconferência do novo controlador da geradora de energia nesta quarta-feira, 27 de março. Em outubro de 2018, a Cesp foi privatizada. O leilão foi vencido pela VTRM, sociedade formada pela empresa Votorantim Energia e o fundo canadense CPP Investiment Board.
De acordo com o executivo, 80% da exposição anual de 2019 já está contratada. Desse total, 50% foi contrato em dezembro de 2018, antes da dispara de preços verificada a partir de janeiro. Essa energia foi alocada parte no primeiro semestre, parte no segunda segunda metade do ano. “Na sazonalização de energia da Cesp, seguimos o perfil do mercado, dado que se tinha uma perspectiva de preço mais baixo no primeiro trimestre. A partir daí o que ocorreu foi a reversão do cenário hidrológico, com agravamento do GSF e alteração do perfil de preço. O que fizemos foi adotar a melhor estratégia, comprando aos poucos nos melhores momentos e não fechar toda a posição na primeira subida de preço, dado que o período úmido não tinha se encerrado”, explicou Bertoncini.
O período úmido vai de novembro a abril. O GSF é a sigla que representa o nível de rebaixamento do Mecanismos de Realocação de Energia (MRE). O MRE funciona como uma conta contábil para os geradores hidrelétricos, em que os ônus e os bônus são compartilhados entre os participantes. A sazonalização é uma prática de mercado utilizada pelas empresas para posicionar sua produção de energia buscando o maior ganho financeiro possível ou a redução de prejuízos, a depender a hidrologia.
O executivo informou que a empresa fez uma nova compra de energia no início deste ano, o suficiente para cobrir mais 30% da exposição restante. Os outros 20% deverão ser comprados em breve, dado a expectativa da Cesp de queda nos preços da energia em função da melhora da hidrologia em março. Bertoncini não revela os preços de compra da companhia, mas garantiu que o preço médio de 2019 está abaixo do praticado em 2018 (R$ 353/MWh).
A Cesp está implementando um novo modelo de gestão de risco na área de comercialização de energia. Para tanto, está em curso um intercâmbio de informações com a comercializadora Votorantim Energia.
PRORROGAÇÃO DE CONCESSÃO
Os novos controladores da companhia aguardam a conclusão do processo assinatura do novo contrato de concessão da hidrelétrica Porto Primavera (1.540 MW) para realizar o pagamento de R$ 1,4 bilhão a título de bônus de outorga. O recurso vai para o caixa do Governo Federal. A prorrogação do contrato de concessão da hidrelétrica para 2049 foi determinante para o sucesso da privatização da Cesp.