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O Brasil pode voltar a ser o alvo preferencial dos investidores em infraestrutura. Para isso precisa fazer a lição de casa no sentido de recuperar o grau de investimento, resultado que poderá ser alcançado com a efetivação de reformas macro como a da Previdência. De acordo com o presidente da PSR, Luiz Barroso, o país voltou ao radar dos investidores internacionais em infraestrutura que esperam a melhoria do ambiente para aportar localmente seus recursos.
O executivo relatou que durante rodadas de encontros com investidores na Europa o país era visto com otimismo por investidores. Até porque os seus concorrentes diretos por aportes, México e Turquia, estão em um momento diverso pelo que passaram em um passado recente. Nesse período, lembrou ele, enquanto o Brasil perdia sua atratividade esses outros começavam a despontar. Contudo, em pouco tempo reverteram a situação, citando até mesmo a reversão de medidas que o México começou a tomar ante as recentes reformas estruturais.
“O setor elétrico do Brasil está em vantagem quando comparado a seus concorrentes nacionais por recursos no segmento de infraestrutura por existir um ambiente regulado definido que possui credibilidade para um investimentos. Além disso, as instituições são sólidas, com papel bem definido e criam um ambiente de riscos gerenciáveis num segmento de infraestrutura que tem escala, uma coisa importante quando comparado a muitos países”, comentou ele, após o painel de abertura da 10ª edição do Workshop PSR/CanalEnergia.
Dentre os países que poderiam disputar esses recursos estão justamente os dois citados anteriormente e que estão tomando um caminho contrário ao de ser atraente por conta de falta de estabilidade regulatória. Por isso, destacou Barroso, é importante que o Brasil consiga recuperar o grau de investimento. Entre esses investidores estão fundos soberanos de países que, por exigência de governança, não podem aportar seus recursos em regiões que não tenham esse selo de bom pagador.
Em sua análise, além de reformas no ambiente macro – como a da Previdência – as que afetam o setor elétrico são necessárias para o destravamento. Ele explicou que hoje o ambiente judicializado, onde o marco regulatório não está preparado para a introdução de recursos distribuídos e sinal de preços que geram eficiência para os consumidores representam uma barreira ao novo investidor que não se sente confortável em um ambiente customizado à realidade do passado e que vai mudar. E acrescentou que essa mudança envolve a passagem de um setor com aspectos específicos para a fonte hidrelétrica para um segmento com armazenamento, geração térmica e renováveis.
Em sua apresentação, o executivo lembrou que o país passou por um período de seis anos em que houve uma forte intervenção estatal. Antes desse período o país despontava porque outras economias emergentes do Brics (Rússia, India e China) que poderiam oferecer um mercado tão grande quanto o nosso não apresentavam estabilidade jurídica. Nesse mesmo momento outros dois mercados que ainda precisavam entrar na onda reformista de seus setores tomaram esse caminho. Eram a Turquia e o México. Esses, passaram a ser mais bem vistos pelos investidores, mas a situação mudou até mesmo nessas regiões.
“As armas dos investidores estão voltadas para o Brasil, mas por enquanto estão apenas com o país na mira”, disse Barroso. “Os fundos estão olhando para o país novamente e temos a condição de sermos novamente os protagonistas com o setor elétrico com grande responsabilidade na atração desses investidores externos”, ressaltou.