A agência de classificação de risco Fitch Ratings atribuiu, pela primeira vez, o Rating Nacional de Longo Prazo ‘AA+(bra)’ à AES Tietê Energia e à sua proposta de 9a. emissão de debêntures no montante de R$ 2,2 bilhões. A proposta de emissão será realizada em três séries, sendo o vencimento final da primeira série em 2027 e o da segunda e terceira séries, em 2029. Os recursos das debêntures da primeira, no montante de R$ 1,38 bilhões, serão utilizados para reforço de caixa e pré-pagamento de dívidas existentes, enquanto os da segunda e terceira séries serão destinados ao pagamento ou reembolso de despesas e gastos futuros de dois projetos de geração de energia solar. Segundo a análise, a Perspectiva da nota corporativa da geradora é Estável.
De acordo com a Fitch, o rating da Tietê reflete sua posição de mercado no setor de geração de energia com sua diversificada carteira de ativos, composta principalmente por usinas hidrelétricas. As classificações também são apoiadas pelo baixo a moderado risco de seu negócio, que suporta um longo histórico de robusta geração de caixa operacional mesmo em cenários hidrológicos desfavoráveis. Além disso, continuou o relatório, a empresa apresenta indicadores de crédito classificados como adequados e em linha com os ratings atribuídos. Outro aspecto é o gerenciamento de sua liquidez e o cronograma de vencimento de sua dívida, beneficiada por uma ampla flexibilidade financeira.
Para os próximos anos, destacou a Fitch, a geradora tem como importante desafio incrementar sua base de ativos de geração, de forma a compensar, ainda que parcialmente, o vencimento das concessões da maior parte de suas usinas, fato que ocorrerá em 2029. Estas centrais representam cerca de 80% de sua capacidade instalada em operação ou em construção. “A empresa necessitará lidar com esses possíveis investimentos, ao mesmo tempo em que deverá permanecer com forte pagamento de dividendos, sem pressionar seus indicadores de crédito e os covenants financeiros das dívidas”.
O relatório da agência lembra ainda da aquisição do complexo Alto Sertão III, acertado recentemente junto à Renova. Para este negócio, a Fitch considera a potencial transação positiva, uma vez que fortalece a base de ativos da companhia dentro da estratégia de proteger sua escala de negócios nos vencimentos das concessões de geração hídrica. Contudo, alerta que os ratings atuais da Tietê não suportam um aumento material da dívida sem que sejam pressionados. “A perspectiva estável reflete a expectativa da Fitch de que a Tietê permanecerá com sólido perfil de crédito consolidado, suportada por fluxos de caixa operacional relativamente estáveis e pela manutenção de níveis de alavancagem próximos a 3 vezes, mesmo diante da projeção da agência de um fluxo de caixa livre negativo nos próximos anos”.
Com capacidade instalada total em operação de 3.194 MW, aumentará a potência em 144 MW, passando para 3.338 MW, após a conclusão de dois novos projetos solares atualmente em desenvolvimento e com previsão de conclusão ainda este ano. A fonte hídrica corresponderá a 80%, a eólica a 11% e a solar 9%. Caso concluída a compra de Alto Sertão III, a capacidade instalada, considerando apenas as Fases A e B desse complexo, passaria para 4.081 MW.
Por outro lado ainda considerou para a análise a exposição considerada moderada da empresa ao GSF e risco eólico. O volume de vendas de energia de 1.144 MW médios e 1.282 MW médios em 2019 e 2020, provenientes das diversas fontes de geração da Tietê e da entrada em operação da Fase A do ASIII no início de 2020, com tarifas médias ponderadas de R$ 169/MWh e R$ 161/MWh, respectivamente.
A Fitch prevê, de acordo com suas premissas para os ativos atuais da Tietê e para AS III, um resultado ebitda (antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 1,1 bilhão em 2019 e R$ 1,3 bilhão em 2020. Bem como investimento de R$ 870 milhões no biênio, com maior concentração em 2019 para a conclusão dos dois projetos solares e da Fase A do complexo eólico.
A alavancagem da empresa continuará com perfil conservador. As projeções indicam que o índice dívida líquida/EBITDA da Tietê ficará na faixa de 2,7 vezes a 3,5 vezes até 2022, com 3,5 vezes e 3,0 vezes, respectivamente, em 2019 e 2020, segundo critérios da agência. Mas reforça que “este cenário não contempla qualquer aquisição ou novo investimento a ser realizado pela companhia além de Alto Sertão III”. A Tietê necessitará manter este índice limitado a 3,5 vezes (3,85 vezes por até 36 meses em caso de aquisições, que está atualmente vigente), segundo cálculos da companhia, de forma a não se desenquadrar dos covenants financeiros de algumas de suas dívidas.