Numa parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Grupo Energisa está implantando um moderno sistema para monitoramento climático da área de concessão de suas onze distribuidoras, que poderão prever chuvas intensas com maior exatidão bem como acompanhar a ocorrência de tempestades em tempo real e a nível nacional, antecipando-se às precipitações e podendo atuar de forma preventiva quanto a possíveis danos à rede de distribuição.
A plataforma, que poderá também trazer benefícios para a sociedade e agentes públicos, como Defesa Civil e Bombeiros, permite antecipações de curtíssimo prazo (1 horas) com base em observações de descargas e de curto prazo (12 horas) a partir de modelos meteorológicos, ambas com altíssima resolução, de 10 km. O acesso a entidades públicas deverá ser liberado já para o próximo período de chuvas, em outubro, quando a homologação deverá ser concluída.
Na avaliação do Gerente de P&D da Energisa, Lenon Fernandes, a novidade trará benefícios não só para a empresa e seus consumidores, mas para toda a sociedade brasileira: “A nova ferramenta será uma solução para os casos de calamidade pública causados por eventos climáticos. Os agentes públicos poderão firmar parcerias com a Energisa para ter acesso ao sistema e também se antecipar a possíveis catástrofes”, afirmou.
O novo sistema reúne e aprimora as funções de outros três que já eram usados pelo setor elétrico: monitoramento de raios, que analisa informações do passado e do presente; um que mostra tempestades em tempo real, e outro de previsão do tempo, geralmente com pouca precisão e baixa resolução. Segundo a empresa, esses últimos problemas foram corrigidos com a ferramenta, que capta imagens mais detalhadas, permitindo, assim, uma leitura mais certeira da meteorologia.
Entre as novidades tecnológicas empregadas está o “lightning based synthetic radar”, uma espécie de radar que capta raios com mais detalhamento e precisão, medindo a quantidade e a intensidade de descargas atmosféricas nuvem-solo e dentro das nuvens, além de analisar a quantidade de gelo dentro das tempestades. Isso permite que sejam geradas imagens com maior resolução temporal e espacial a um menor custo.
Para criação da ferramenta desenvolvida pelo Inpe, o Grupo Energisa aplicou cerca de R$ 4 milhões ao longo dos três anos. O instituto, aliás, continuará como responsável pela operação do sistema, recebendo e analisando os dados meteorológicos que alimentam o mecanismo. Agora, a implantação entra no estágio de operação assistida para que o sistema seja calibrado, e os resultados, validados. A companhia também declarou que empresas de qualquer setor poderão ter acesso a essa tecnologia, desde que contribuam para a manutenção do sistema.
Concepção do projeto partiu das chuvas na região serrana do Rio
A ideia da iniciativa, que aconteceu no âmbito de P&D do Grupo, começou depois da maior tragédia climática da história do país, em 2011, quando uma forte chuva causou a morte de mais de 900 pessoas — e deixou mais de 300 desaparecidas — na Região Serrana do Rio de Janeiro, destruindo grande parte dos equipamentos e das redes de distribuição da concessionária Energisa Nova Friburgo. Uma das propostas do sistema de previsão é alertar também as comunidades, autoridades, produtores rurais e empresas de outros setores quando uma forte tempestade estiver se formando.