A Eletrobras já pode começar a olhar para os leilões de novos projetos para o final do ano. Essa foi a declaração do presidente da estatal Wilson Ferreira Júnior que indica para uma possível retomada da participação da estatal em busca de expansão depois de pelo menos dois anos afastada dos certames realizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica. Um dos pontos que podem viabilizar esse caminho é a iminente finalização dos grandes investimentos que vinham sendo tocados nos últimos anos e que devem terminar com a conclusão da UHE Belo Monte (PA,11.233 MW) que deverá ocorrer em novembro. No radar da empresa estão ativos tanto em geração quanto em transmissão, disse ele sem ser especifico.

“Novos projetos de energia têm como foco quatro ou cinco anos à frente e temos um conjunto de leilões neste ano. Podemos olhar para a perspectiva de novos investimentos sim, pois tivemos uma disciplina financeira nos últimos anos”, afirmou ele durante sua participação no 5º Fórum Anual de Corporates Brasil 2019, realizado pela Fitch Ratings em São Paulo.

Enquanto os eventos não chegam, a empresa continua em busca de redução de custos. Segundo ele, há mais espaço dentro da empresa para chegar ao objetivo tanto em termos operacionais quanto em pessoal. “Continuamos nesse programa de redução de custos e o potencial é importante nessa duas áreas. Podemos ainda vender ativos, em maio vamos colocar em andamento a venda de 40 SPEs que temos e isso deve, de alguma maneira trazer caixa para a empresa”, destacou. Com a venda dessas 40 SPEs, remanescentes do leilão realizado pela empresa no ano passado a companhia deverá alcançar ainda no final do segundo semestre a alavancagem no nível desejado de 3 vezes a relação entre a dívida líquida sobre o ebitda.

Ele lembrou durante sua participação que a companhia tinha um indicador de alavancagem de 8,8 vezes. Em pouco mais de dois anos e meio a empresa conseguiu reduzi em quase 50% o volume de empregados. Passou de 26 mil para 13,5 mil. Além disso, reforçou que a companhia deverá apresentar em junho os estudos para a privatização da companhia. Uma das opções é aquela que visa a eliminação do risco hidrológico no qual a empresa precisaria adquirir os ativos que foram cotizados pela MP 579, de 2012. Na avaliação dele, esse seria o melhor projeto para a companhia. Mas há outro caminho possível, o da venda das empresas da holding. Essa capitalização com a decisão sendo tomada em junho tem chance de ser concluída ainda este ano.

Esse, disse ele, é um movimento importante para que a empresa volte a ter fôlego de investimentos. O executivo afirmou que a estatal deveria investir de R$ 10 bilhões a R$ 14 bilhões ao ano para apenas manter sua participação de mercado atual. Mas no ano passado executou apenas um quarto desse montante, em cerca de R$ 4 bilhões. Contudo, a empresa deverá manter um nível de aportes da ordem de R$ 3,5 bilhões no sentido de manter a disciplina financeira.

“Em qualquer um dos modelos a Eletrobras será uma investidora mais assertiva, teremos mais eficiência dos processos de leilão. Um player de nosso tamanho com maior capacidade financeira traz mais capacidade de ser competitivo no processo. Mas buscaremos as taxas de retorno minimas que exigimos, pois no passado tivemos lições importantes em projetos que não alcançamos essas taxas mínimas”, ponderou.

Sobre a usina de Angra 3, ele reiterou que o cronograma é de no primeiro semestre finalizar o processo de reorganização societária para na segunda metade do ano realizar a concorrência internacional para a retomada das obras.