Instituições públicas que monitoram a qualidade da água dos rios Paraopeba e São Francisco, desde o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG), afirmaram na semana passada que a pluma de rejeitos de minério resultante do acidente ainda estão no reservatório da usina hidrelétrica Retiro Baixo. O empreendimento, que tem como sócios Furnas e Cemig, está localizado a 310 km da hidrelétrica de Três Marias, no rio São Francisco.
Os dados que embasaram a conclusão foram apresentados pela Agência Nacional de Águas (ANA), o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) e o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema). As quatro instituições participaram na terça-feira passada (16) de reunião especial da Sala de Crise da Bacia do Rio São Francisco, organizada pela ANA com especialistas de organizações publicas e privadas.
“As evidências apresentadas aqui pelas instituições oficiais permitem afirmar que o rejeito não passou de Retiro Baixo”, disse Ney Maranhão, diretor da agência reguladora. A tragédia com a barragem B1 da mina Córrego do Feijão aconteceu em 25 de janeiro deste ano e deixou mais de 200 mortos, além de atingir o rio Paraopeba. Havia também riscos de contaminação do São Francisco, que começa em Minas e atravessa parte dos estados da Região Nordeste até desaguar no mar.
A ANA elaborou o Programa de Monitoramento da Qualidade da Água e dos Sedimentos do Reservatório de Três Marias e Entorno (PMQS) e acompanha sua execução pela mineradora. O programa, segundo a autarquia, complementa os pontos já monitorados por ela própria e por Igam, CPRM, Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) e Vale.
Também participaram da reunião da Sala de Crise representantes dos comitês das bacias do Paraopeba e São Francisco, além de usuários da água, como aquicultores, e técnicos de instituições como o Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade.