A operação para o período seco de 2019 deverá ser bem próxima do que foi verificado em 2018. Essa é a avaliação da Safira Energia, que destaca dados como o nível dos reservatórios em índices próximos aos que foram verificados ao final do período úmido do ano passado, na casa de 40%. Outro indicador importante é a carga a ser considerada pelo Operador Nacional de Energia Elétrica a partir do Programa Mensal de Operação de maio, que considera a primeira revisão quadrimestral de 2019.
Na avaliação da coordenadora de middle da Safira, Cecília Lupatini, caso as vazões no período fiquem entre 80% e 100% da média de longo termo, a tendência é que a situação de operação permaneça similar a de 2018. Segundo ela, a situação que se mostra atualmente é de um período seco no Sudeste e Sul dentro da normalidade, o que corrobora essa impressão acerca das condições do SIN. Ela lembra que justamente nesse momento é que começamos a ver o aumento de chuvas no Sul pela sazonalidade dessa região.
“Vemos que neste ano as chuvas serão mais constantes e que não devem sair da normalidade, mesmo com a ocorrência de um El Niño de fraca intensidade, mas que hora fica mais forte, depois reduz de intensidade e tende à neutralidade. Não estamos livres e mudanças, mas estamos acompanhando e percebemos que a para esse ano a chuva está dentro da normalidade”, afirma.
Essa normalidade, diz, é ter a energia natural afluente dentro da média esperada normalmente para o período seco que se inicia em maio. Naturalmente é menor do que o início do ano, esclarece, mas o normal para o período. Inclusive, as chuvas do ciclo sazonal do Sul deverão ter seus reflexos nos reservatórios equivalentes, tanto naquela região quanto no Sudeste, onde se localiza o maior consumo do país com vazões elevadas para as usinas de Itaipu e nas usinas do Paranapanema.
“Com os reservatórios em níveis próximos ao do ano passado, vemos que o ONS tem praticamente as mesmas condições operacionais de 2018. A problemática é muito parecida com a enfrentada pelo operador no ano passado”, destaca Cecília.
Segundo sua avaliação, nem mesmo a mudança que será implantada no país a partir de julho, com a redução do limite de acesso ao mercado livre pelos consumidores especiais, terá força para impactar na curva de preços do setor. Um dos motivos é a redução das temperaturas e queda da demanda em relação aos primeiros meses do ano. Além disso, o Nordeste apresenta uma situação classificada como muito boa por estar com níveis de armazenamento acima de 50%, esse fator ajuda na operação.
Com esse cenário, destaca ela, as atenções ficam voltadas para o mês de setembro, quando a carga começa a se elevar ao mesmo tempo que as temperaturas e os reservatórios estão, naturalmente, mais baixos. Daí em diante é possível que se tenha valores mais elevados. Contudo, ressalta, essa é a fotografia do momento, podendo mudar no futuro.
A partir desta quinta-feira (25), o ONS começará a apresentar os dados para a elaboração do Programa Mensal de Operação para o mês de maio. Nessa oportunidade, serão apresentados os dados obtidos a partir da aplicação da primeira revisão quadrimestral de 2019, como apontado pela executiva da Safira. Nessa ocasião o operador revisou o crescimento para 2019 de 3,6% de expansão para 3,4% que significa uma expansão 70 MWmédios menor do que o projetado no planejamento anual de 2019 a 2023, passando a carga de 68.897 MWmédios para 68.827 MWmédios.
Para 2020 a perspectiva é de expansão de 3,7% ou 30 MWmédios menor do que o planejamento original, em 2021 estabilidade de crescimento em 3,6%. Em 2022 a previsão é de desaceleração do crescimento de 3,9% para 3,7%, ou 180 MWmédios a menos do que o planejamento inicial. Em 2023, o crescimento projetado é de 4% ou 122 MWmédios a menos ante o esperado inicialmente.