A divisão de transmissão e distribuição da GE, Grid Solutions, anunciou que está na fase final dos testes de comissionamento dos equipamentos de alta tensão na subestação da termoelétrica Porto de Sergipe I, localizada em Barra dos Coqueiros, no Sergipe, e de posse da Celse. Os equipamentos irão transmitir energia em 500 kV até a subestação Jardim, gerenciada pela Chesf no município de Nossa Senhora do Socorro, para distribui-la na rede básica do Sistema Interligado Nacional – SIN. Com cerca de 34 km de extensão e composta por 80 torres em dois circuitos de transmissão independentes, além de 24 condutores e dois cabos de comunicação, a linha de transmissão possui capacidade para escoar 3 GW de energia da térmica até a rede.

Por ter uma redundância completa, a linha de circuito duplo traz mais segurança operacional para a transmissão de energia, transferindo automaticamente a corrente de um circuito para outro em caso de incidente, o que pode reduzir significativamente os riscos de blecaute. É a primeira vez que a fabricante entrega uma LT desse porte no Brasil, agregando valor ao seu fornecimento tradicional de subestações de alta tensão. O diretor de projetos da GE Grid, Sébastien Marlier, falou sobre a expertise conquistada pela empresa para integrar o fornecimento de LTs em alta tensão complexas como essa ao seu portfólio. Ele ressaltou que num projeto dessa magnitude, os desafios existem na mesma proporção, destacando a implantação de um sistema de alta tensão sem impacto ao meio ambiente, destinado ao patrimônio histórico e às comunidades locais. “Essa preocupação esteve presente em todo o processo de desenvolvimento do projeto e de construção da linha pela Celse e GE”, afirmou.

Dentro das exigências ambientais previstas pela Administração Estadual Do Meio Ambiente de Sergipe (Adema), foi realizado ao longo da construção do empreendimento o resgate de fauna e flora, devidamente acompanhado de especialistas em meio ambiente e uma equipe de arqueólogos habilitados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que esteve presente na abertura da faixa de servidão da linha e todos os trabalhos de escavação. “Ao longo da obra, foram descobertos cerca de 20 sítios arqueológicos. O material resgatado pelos arqueólogos foi destinado a um museu sergipano”, destacou o executivo.

Outro desafio superado foi a travessia da linha no Rio Sergipe. As torres, em aço, têm em média 30 m de altura e os vãos entre elas é de aproximadamente 500 metros. O percurso exigiu estruturas muito altas, com 80 metros de altura, pesando cerca de 50 toneladas e um vão de 650 metros. Sébastien relatou que a logística para lançamento dos cabos também foi diferenciada nessas situações. Ao invés de utilizar equipamentos para o lançamento semi-automatizado, como é de praxe, os cabos foram levados para serem instalados de forma manual, em balsas para atravessar o rio. “Todo esse trabalho foi feito com uma forte preocupação ambiental, sem interferir na atividade dos pescadores da região”, salientou.

A potência instalada da UTE é de 1.5 GW, uma das maiores em construção na América Latina com ciclo combinado a gás e vapor. O sistema de transmissão, incluindo os equipamentos de alta tensão e o sistema de proteção, foi dimensionado para um potencial de evolução futura. Os transformadores elevadores, possuem uma capacidade acumulada correspondendo a 2 GW, sendo que o transformador da turbina a vapor de ciclo combinado é um dos maiores que a multinacional já fabricou no país, com uma potência útil de mais de 700 MVA. A subestação implantada para receber e escoar a energia do projeto já foi construída e também possui capacidade de ampliação futura, de acordo com o diretor.

Quando entrar em operação comercial, em janeiro de 2020, Porto de Sergipe I poderá ter capacidade de geração de cerca de 1.551 MW, atendendo até 15% da demanda energética da região Nordeste, gerando energia para os lares de 20 milhões de brasileiros. A usina poderá quadruplicar a geração anual do Sergipe, tornando assim o menor estado brasileiro no segundo maior gerador de energia da região.