O mercado de energia solar fotovoltaica fechou o primeiro trimestre de 2019 31% maior quando comparado ao mesmo período de 2018. A conclusão é de um estudo apresentado pela consultoria Greener. A empresa leva em conta o volume de módulos importados no país nos períodos analisados. Nessa mesma publicação, a empresa também avaliou o possível impacto que a alteração das regras para a geração distribuída que está em audiência pública.
De acordo com o diretor da Greener, Márcio Takata, ao se manter as alternativas da forma que estão na Análise de Impacto Regulatório que trata da revisão da REN 482/2012 a estimativa é de que o tempo de retorno médio sobre o investimento aumente em 19% para projetos de GD local. O cálculo é feito com base em sistemas residenciais com potência instalada de 5 kWp e compara a regra atual, nomeada como Alternativa 0 com a Alternativa 1. Nessa mudança a componente transporte Fio B incidiria sobre toda a energia consumida da rede a partir de uma potência instalada de 3,36 GW ou a partir de 2024.
Esse aumento elevaria o tempo de retorno do investimento da casa de 5,3 anos para 6,3 anos em média. Na Bahia é que estaria a maior elevação, passaria de 5,8 anos para 7,3 anos. A menor diferença seria verificada no Distrito Federal que passaria de 5,2 anos para 5,8 anos. “Naturalmente um payback mais curto é mais interessante, à medida que essas alternativas aumentam o tempo para o investidor alcançar o retorno o investimento torna-se menos atrativo”, comentou ele em entrevista à Agência CanalEnergia.
No caso da geração distribuída remota a média de
payback com a Alternativa 3 da AIR sendo acionada passaria a 6,9 anos. Nessa modalidade de GD, são dois gatilhos, com 1,25 GW ou em 2022 passaria a valer a Alternativa 1, no chamado período de transição. Essa regra valeria até que se alcançasse no país 2,13 GW e a partir de então mudaria a regra para a alternativa de número 3 que consiste na incidência do Fio A, Fio B e Encargos. O tema foi alvo de uma
reportagem especial publicada no início de abril.
Como a ideia contida na proposta é a de disparar o gatilho por áreas de concessão a tendência do momento é de que em GD remota o novo cenário já poderia valer a partir do ano que vem para investimentos na região da Cemig-D. No caso da GD local esses volumes previstos poderiam ser alcançados para os consumidores atendidos pela RGE (RS). E caso haja algum atraso na implantação das regras os gatilhos já estariam defasados nessas duas regiões.
A questão, destacou Takata, é a falta de previsibilidade para que os investidores possam se preparar. Apesar da agência reguladora indicar prazos de 2022 a 2024, a estimativa é de que os gatilhos cheguem antes do previsto. “Poderíamos ver a desaceleração dos investimentos nessa modalidade de geração, uma cadeia que ainda está nascendo no Brasil. Seria um desincentivo já a partir do ano que vem”, alertou o executivo. “As mudanças não matarão o setor, mas podem atrapalhar seu desenvolvimento”, finalizou.