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O acesso à energia elétrica é um símbolo de prosperidade de uma sociedade, porém o uso incorreto e a falta de atenção podem causar acidentes fatais. Em 2018, ocorreram 1.424 acidentes com origem elétrica, sendo 622 pessoas vitimadas por choque elétrico. Em 2017, foram 1.387 acidentes e 627 mortes. Os dados são do Anuário Estatístico de Acidentes de Origem Elétrica da Associação Brasileira de Conscientização dos Perigos da Eletricidade (Abracopel), divulgado na quinta-feira, 2 de maio.
De acordo com o diretor executivo da Abracopel, Edson Martinho, embora os acidentes fatais por choque elétrico venham se mantendo estáveis na séria histórica, o número é considerado alto. As causas mais comuns desses acidentes são instalações improvisadas (as chamadas gambiarras), a falta de manutenção, o uso de equipamentos de baixa qualidade e a prática de colocar vários equipamentos em uma mesma tomada. Instalações realizadas por profissionais sem qualificação também são alvos de problemas.
“Imagina que tivemos três anos de crise econômica no país, muitas pessoas desempregadas. Muitos acabam se aventurando a prestar um serviço sem a devida qualificação, por outro lado quem contrata também não tem recurso disponível para contratar um eletricista qualificado. Além disso, por questões financeiras, acabam comprando produtos de má qualidade”, explicou o engenheiro eletricista Martinho.
O estado de São Paulo fez 65 vítimas em 2018. Apesar da Bahia ter aproximadamente 1/3 da população paulista, o estado Nordestino registrou 60 mortes por choque elétrico. O Anuário também revela que houve 537 incêndios causados por sobrecarga elétrica no ano passado, vitimando 61 pessoas. “Certamente esses números são maiores, pois há muitos casos de acidentes difíceis de serem rastreados”, disse o diretor da Abracopel.
O desconhecimento dos riscos que a eletricidade oferece é um dos grandes fatores dos acidentes, mas o descaso é o maior vilão, afirmou Martinho. Casas e comércio lideram os acidentes, assim como no Nordeste, seja por causa da tensão (a região usa 220v), seja por conta das carências econômicas da locais.
CHOQUE FATAL
Um incêndio em uma edificação pode causar prejuízos materiais irreparáveis. Recentemente, acompanhamos os incidentes no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, e no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, com indícios de origem na rede elétrica. Nas residências e comércios, uma rede mal dimensionada ou o uso incorreto de uma tomada pode causar uma sobrecarga.
Para o diretor executivo da Abracopel, o número de incêndios por curto-circuito reflete a defasagem das instalações elétricas nas edificações. “Esses eventos, na maioria das vezes, têm início pela sobrecarga em condutores que, ao terem ultrapassado seus limites de condução de corrente, aquecem e perdem a isolação, dando origem ao fogo”, explicou. “Se atualizadas, as instalações (cabos, disjuntores, fusíveis) corretamente dimensionadas passam a ter dispositivos de proteção que interrompem a sobrecarga, evitando os acidentes”, completou.
No entanto, uma rede elétrica nova pode não ser suficiente para evitar um acidente, principalmente quando os componentes são de má qualidade. Associação Brasileira pela Qualidade dos Fios e Cabos Elétricos (Qualifio) realiza uma verificação de mercado para conferir a qualidade dos equipamentos vendidos ao consumidor final. As estatísticas apontam, segundo Martinho, que 75% dos condutores (fios) verificados em 2018 estavam foram de norma. “Ou seja, do que está no mercado, apenas 30% está dentro da norma”, observou. “São interruptores, tomadas, disjuntores que chegam em contêineres fechados de marcas desconhecidas. Sem conhecermos o teor da qualidade, são despachados no mercado com baixo custo”, alertou Martinho.
Qualquer tensão acima de 50v, em área seca, no corpo humano, pode ser fatal. Lembrando que a tensão de uma simples tomada pode variar entre 127v e 220v. “Ou seja, qualquer tomada pode levar ao óbito”, reforçou Martinho.
A eletricidade é a movimentação de elétrons entre a fonte geradora, o fio condutor e o equipamento. Se um elemento estiver no caminho dos elétrons, esse elemento passa a conduzir a eletricidade. No caso do corpo humano, a corrente elétrica causa aquecimento e queimaduras no organismo e, se chegar ao coração, pode culminar em uma fibrilação cardíaca e eventualmente uma parada respiratória. “A causa da morte por acidente elétrico é a passagem da corrente elétrica queimando organismos e causando a parada cardíaca”, explicou Martinho.
Para a Abracopel, reconhecer quais os gargalos que precisam de atenção da sociedade, dos agentes econômicos e do poder público é o primeiro passo para melhorar a segurança das instalações elétricas. “Esse desafio, que prevê a disponibilidade de energia em condições ideais de acesso com instalações elétricas adequadas, previamente dimensionadas e uso de componentes certificados, é o que deve prevalecer, por representar o vetor de desenvolvimento social e econômico que é a eletricidade”, complementou.
O trabalho de conscientização realizado pela Abracopel, com a divulgação do Anuário e informações relacionadas à segurança elétrica, é acompanhado de perto por uma vasta cadeia de suprimentos com indústrias especializadas na fabricação de materiais e componentes, serviços profissionais para manutenção das instalações elétricas, órgãos certificadores e de suporte à normalização, cujas aplicações favorecem desde o dimensionamento ao funcionamento correto dos circuitos elétricos.
O Instituto Brasileiro do Cobre (Procobre) mantém o site Casa Segura e oferece uma experiência de navegação interativa para simular on line se as instalações elétricas do imóvel proporcionam a segurança ideal aos moradores e à propriedade. Ao visitar os cômodos de uma casa virtual e clicar nos ícones, o visitante do site http://programacasasegura.org/ tem acesso a dicas de segurança e pode conscientizar-se sobre como prevenir acidentes com eletricidade no ambiente domiciliar.