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Representantes do setor químico reforçaram o apoio à proposta do governo de criação do novo mercado do gás natural durante debate na Câmara esta semana, mas alertaram para a necessidade de garantia de fornecimento do produto para que o mercado volte a investir. “Se não houver garantia de fornecimento, ninguém investe. A maturação do investimento químico é de cinco anos mais ou menos. Ninguém põe dinheiro se não souber que daqui a cinco anos o contrato será cumprido”, alertou o presidente do Conselho Diretor da Associação Brasileira da Indústria Química, Marcos Antonio De Marchi, durante café da manhã da frente parlamentar que representa o setor.
O executivo vê na movimentação do governo sinais positivos de que a abertura do mercado, com o livre acesso à malha de gasodutos e o aumento da oferta do produto, pode de fato acontecer, e que o “choque de preços” virá, como promete o ministro da Economia, Paulo Guedes. Na opinião de De Marchi, a expectativa de redução pela metade do preço do gás é factível, porque os produtores de petróleo tem duas opções: ou reinjetam o gás nos poços, o que não é barato, ou trazem o produto para a costa e vendem, seja para o mercado internacional, seja para o local.
Ele acredita, porém, que como a conta não fecha para exportação, porque o preço é de US$3,00 por milhão de BTU (unidade térmica de referencia no setor), se forem acrescentados mais US$2,00 a esse valor é possível negociar o produto no mercado interno. “Eu acho que não tem nada de absurdo nisso não”, disse.
Durante o encontro, que teve a participação por teleconferência do secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, Carlos Alexandre da Costa, houve quem lembrasse a tentativa frustrada do governo Temer de aprovar no Congresso a proposta do programa Gás para Crescer. As discussões no governo atual do chamado Novo Mercado do Gás estão em andamento no Ministério da Economia e envolvem também o Ministério de Minas e Energia, e a ideia é de que parte das mudanças seja feita por medidas infralegais, que não dependem de tramitação no Congresso Nacional.
O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, tem recebido representantes de diferentes associações dos setores elétrico e de gás natural para discutir as mudanças no mercado. A oferta de gás, na concepção do governo, será ancorada na demanda futura de usinas termelétricas que o governo espera contratar nos próximos anos em leilões de energia nova e na própria indústria.
A Abiquim é mais uma entre as muitas associações que esperam passos concretos do governo nessa direção. De Marchi calcula que as exportações das empresas do setor podem passar de US$14 bilhões para R$ 30 bilhões com a ampliação da oferta do produto a uma preço competitivo. “Eu te digo que nem precisa de muito investimento para isso. É só por para rodar as instalações que estão aí e que estão rodando a meia capacidade, ou a dois terços”, disse.
Mais ou menos 60% do gás usado na indústria química entra como energia e 40% como matéria prima, com a transformação da molécula do gás em produtos como amônia e fertilizantes. O setor é responsável por 25% da demanda industrial do produto, segundo o empresário.