O resultado que a Eletrobras alcançou no primeiro trimestre do ano é encarado como o exemplo mais claro de como a empresa pode performar agora que deixou o segmento de distribuição. Essa é a análise do presidente da companhia, Wilson Ferreira Júnior, em teleconferência com analistas e investidores sobre o desempenho financeiro da companhia no primeiro trimestre. A estatal reportou um lucro líquido de R$ 1,3 bilhão nos três meses encerrados em março deste ano, crescimento de 178% quando comparado com o mesmo período de 2018.
“Agora temos a clareza maior do que pode ser a empresa que está focada em geração e transmissão”, afirmou o executivo. “Evidentemente ainda há muito o que fazer em termos de eficiência com excelência operacional e alcançar a perfeição em governança e compliance. Há um conjunto de planos e ações que estão aprovadas e que precisam ser implementadas ao longo do ano de 2019 para continuar aumentando nossa produtividade e eficiência, concluir empreendimentos para que a companhia retome a sua capacidade de investimentos”, ressaltou ele.
Entre as ações no ano, explicou o executivo, estão ainda a continuidade dos programas de demissão voluntária e consensual. Nesse item da agenda do plano de negócios a empresa ainda está longe de sua meta. Foram 437 adesões nessa nova rodada de PDC até junho com um custo de R$ 170 milhões e economia anual estimada em R$ 181 milhões. A meta da empresa era de chegar a 2.100 adesões ao total. Segundo cálculos do executivo, são 500 adesões a menor. Apesar disso, ele classificou como positivo o resultado do programa em decorrência da economia já estar em um patamar mais elevado que seu custo.
Ferreira Júnior destacou ainda que a companhia está focada na conclusão da reestruturação da Eletrosul com a CGTEE que possuem um conjunto de vantagens sinérgicas que podem resultar em um melhor desempenho para a Eletrobras. Outro ponto importante da estatal é o processo de definição do sócio estratégico da empresa na retomada da construção da usina nuclear de Angra 3. A perspectiva é de que a decisão seja tomada no segundo semestre deste ano e as obras sejam reiniciadas em 2020. A estimativa é de que em 1º de janeiro de 2026 a central nuclear finalmente possa gerar seu primeiro MW no SIN.
“Em março tivemos o início do market sounding para ver qual seria a composição acionária que mais interessaria aos investidores potenciais. Nossa expectativa é de que tenhamos a definição desse formato e a emissão da concorrência para definir no final deste ano o novo sócio e ao longo de 2020 retomar a obra”, apontou ele.
Ainda no plano de desinvestimentos, a empresa trabalha para colocar em andamento a continuidade da venda de 45 SPEs que não foi concretizada no leilão que a empresa promoveu do ano passado. A ideia da empresa é colocar esses ativos no segundo semestre do ano. Essa definição depende ainda de deliberação do conselho da companhia. A Eletrobras, comentou, deverá utilizar-se do mesmo expediente da Petrobras para a venda de ativos por meio de um regime especial previsto no decreto 9.188 de 2017. Esse decreto é destinado a estatais de economia mista que adotam uma metodologia específica de venda. O processo de alienação desses ativos deverá ser iniciado em julho.
“Não desistimos de vender esses empreendimentos”, ressaltou ele.”Estamos ainda na fase final de investimentos na UHE Sinop (MT, 300 MW) e em Belo Monte (PA, 11.233 MW), alem desses, teremos a entrada em operação de 1.145 km de linhas somente este ano”, relacionou o executivo, que reforçou ainda a perspectiva de retomada de poder de investimentos da estatal com a finalização dessas obras.