O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds) lançou na última terça-feira, 14 de maio, um guia que reúne as tendências, oportunidades e riscos dos contratos corporativos para compra e venda de energia limpa (PPAs, sigla em inglês de Power Purchase Agreements), vistos em todo o mundo como uma das principais formas de financiamento de fontes renováveis nas próximas décadas. O documento já está disponível para download no site do Cebds, sendo destinado tanto a desenvolvedores de projetos de energia renovável, quanto a potenciais compradores no comércio e indústria.
Marina Grossi, presidente do Cebds, disse durante o durante o lançamento, no Rio de Janeiro, que “comprar energia limpa é a melhor solução para a empresa reduzir custos de energia, diminuir pegada de carbono, aumentar eficiência energética e ajudar no alcance de suas metas de sustentabilidade”.
O modelo de financiamento por PPA apresenta vantagens tanto para os compradores corporativos que visam aumentar o uso de energia renovável em sua matriz, como para os desenvolvedores e financiadores de projetos de energia. Uma dessas vantagens apontadas no próprio guia é o termo geral de duração de um contrato de PPA, que varia entre 8 e 20 anos, prazo mais longo que os contratos negociados no mercado livre, em geral de 1 a 5 anos. Isso possibilita o atendimento de critérios para o financiamento de novos empreendimentos e permite maior segurança para desenvolvedores e financiadores do projeto, bem como previsibilidade de custos com energia no longo prazo, protegendo a companhia da volatilidade do preço do mercado.
Também no documento desenvolvido pelo Cebds em parceria com sua matriz internacional, o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), é apontada a tendência de crescimento em ritmo acelerado em todo o mundo dessa forma de contrato, impulsionada pelo custo decrescente das tecnologias de geração de energia renovável. No Brasil, os desenvolvedores têm buscado novas formas de realizar projetos de fontes renováveis, e a compra corporativa desse tipo de energia apresenta-se como oportunidade com grande potencial para crescimento.
Empresas globais compraram um recorde de 13,4 GW de energia limpa em 2018, mostrando o crescimento da demanda em todo planeta. Além disso, segundo estimativas internacionais, 50% da eletricidade global em 2050 será solar, fotovoltaica e eólica, o que representa volume de US$ 10 trilhões a serem investidos nestas fontes em todo o mundo nas próximas três décadas.
No Brasil, o mercado livre já representa um terço de toda energia consumida no país, tendo crescido mais de 10% nos últimos quatro anos. Pelo menos metade da geração renovável por aqui já é comercializada no mercado livre. Em paralelo, os custos com as renováveis, em especial a eólica, tem se caído. “É uma tendência inexorável de que o Brasil caminhe neste sentido, o que deverá contribuir para aumentar ainda mais nossa já ambiciosa meta de chegar a 2030 com 45% de matriz energética limpa”, considerou Marina, afirmando também que a compra corporativa de energia renovável permite maior segurança para desenvolvedores e financiadores do projeto, bem como previsibilidade de custos com energia no longo prazo aos compradores, protegendo a companhia da volatilidade do preço do mercado.