fechados por mês
eventos do CanalEnergia
mantenha-se informado
sobre o setor de energia.
O estado do Ceará projeta a sua retomada no setor de energias renováveis. Estão sendo tomadas ações no sentido de simplificar o processo de licenciamento e aprimoramento de políticas de incentivos existentes. Além disso, um dos passos nesse sentido está com a atualização de seu atlas eólico e que agora conta com o potencial solar. A apresentação oficial do estudo conduzido pela Camargo Schubert, a mesma empresa que desenvolveu a versão anterior, 20 anos atrás, será feita em julho, mas os resultados das novas medições já foram reveladas durante a edição 2019 da Brazil Windpower, realizada em São Paulo pela primeira vez pela Informa Markets – Grupo CanalEnergia.
De acordo com o novo mapa das fontes renováveis daquele estado, o potencial passou de 25 GW para 94 GW de potencial onshore. E ainda aproveitou a oportunidade para mapear as possibilidades offshore também, que ficaram em 117 GW na plataforma que adentra até 50 quilômetros do litoral. A maior parte desse último está em profundidades de 10 a 20 metros no oceano. Os fatores de capacidade onshore alcançam até 53% e no offshore está acima de 62%.
“Podemos dizer com certeza que aqui nós teremos os melhores parques offshore do mundo. Estamos falando de velocidades de 9,5 metros por segundo e fatores de capacidade acima de 62%, o tempo todo sem sazonalidade que é a característica do vento alísio, além disso não muda com as estações do ano por estarmos próximos ao equador. Além disso, essa característica facilita o acesso ao parque para montagem e manutenção durante o ano todo, não precisa esperar condições de tempo para acessar a usina”, destacou o secretário executivo de Energia e Telecomunicações do estado, Adão Muniz, em entrevista à Agência CanalEnergia.
O secretário ressaltou ainda que os resultados obtidos com o novo estudo apontaram uma perspectiva classificada como interessante quando se combina a solar com a eólica. Principalmente com a intenção de colocar em vigor o preço horário. Ele refere-se à possibilidade de instalação de plantas híbridas, apesar de a legislação ainda não permitir essa modalidade no país. Mas segundo o documento há 43 GW em eólicas nas mesmas regiões onde se conseguiria gerar 93 GW de solares. Contudo, essa é apenas uma pequena parte do potencial mapeado da fonte solar que é de 642 GW.
Ele explicou que o que mais surpreendeu foi a complementaridade dos ventos considerando o litoral leste do estado, o interior e o do leste, que incide entre o início da tarde até à noite. “Esse é o vento que tem mais valor, ainda mais com o PLD horário, pois gera energia no período do dia em que o preço da energia está mais elevado e isso potencializa a atratividade dessa região”, disse ele, que classifica seu estado como o melhor vento em relação à sazonalidade diária combinando as renováveis e a necessidade de previsibilidade de curva de geração.
O trabalho foi desenvolvido em parceria com a federação das indústrias daquele estado (Fiec), Sebrae e a Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece). Em linhas gerais são três grandes áreas, com destaque no litoral para a eólica (incluindo apenas as perspectivas de novos empreendimentos) e no interior para a solar. Justamente nessas regiões são áreas suscetíveis a desertificação. E segundo a análise do secretário a fonte pode ser um fator que mitigará esses efeitos.
De acordo com Muniz, o Poder Executivo cearense vem trabalhando para aprimorar os incentivos que já existem por lá. Dentre eles, está a questão fiscal. Ele reconheceu que não há mais espaço para novas concessões de incentivos. Mas a meta é de ajustar e melhorar o que já existe. O programa estadual prevê uma redução para o investidor industrial de até 75% do imposto. O valor, explicou, é ‘emprestado’ à empresa por 10 anos e depois recuperado em um período de 3 anos.
“Não podemos mais tirar ICMS por ser uma das principais fontes de obtenção de recursos do estado, isso castiga a população. Essas ideias ainda estão sendo pensadas, vamos usar as nossas ferramentas e recursos naturais”, relatou ele.
O estado ainda comemorou o resultado da primeira aplicação da nova regra de licenciamento ambiental, aprovada no ano de 2018. Para o leilão A-4 foram licenciados previamente cerca de 100 empreendimentos por conta das novas regras que exigem o EIA Rima para projetos apenas acima de 150 MW no caso eólico ou que ocupem área de 450 hectares ou mais de solar. Menores que esses parâmetros o processo é simplificado e a autorização para instalação e operação de um determinado projeto é emitida conjuntamente.