Em sete meses a operação local da dinamarquesa Vestas comemora a obtenção de pouco mais de 1 GW vendido em sua atual máquina nacionalizada a V 150 de 4,2 MW de potência nominal. As primeiras naceles dessa plataforma fabricada na planta de Aquiraz (CE) começam a ser entregues em novembro. Essa marca ganhou impulso nessa semana com dois acordos anunciados.
O primeiro foi com a EDF Renováveis no Brasil por uma encomenda de 147 MW para o parque eólico Folha Larga, localizado no município de Campo Formoso (BA). Nesse acordo está contemplado o fornecimento e instalação de 35 turbinas. O segundo data desta sexta-feira, 31 de maio, com a Echoenergia, que fez um pedido de 97 MW para fornecimento e instalação de 23 turbinas do modelo no parque eólico de Serra do Mel (RN). Este último é uma extensão do projeto de 101 MW, primeira encomenda da Vestas no Brasil para a turbina, cuja entrega está prevista para o segundo trimestre de 2020, enquanto que o comissionamento está previsto para junho de 2020.
De acordo com Rogério Zampronha, presidente da Vestas no Brasil e Latam Sul, o modelo é um dos mais bem sucedidos da empresa, e mostra ser um produto acertado para o mercado nacional. Ele cita o alto fator de disponibilidade do produto como uma das vantagens da companhia para justifica o sucesso de vendas. “Tivemos cerca de 300 pessoas envolvidas no processo de nacionalização da turbina para que fosse adequada às necessidades do mercado nacional”, comentou ele durante a 10ª edição do Brazil Windpower, realizada pela Informa Markets – Grupo CanalEnergia esta semana, em São Paulo.
Com os pedidos, disse o executivo, a fábrica da empresa está com um elevado grau de ocupação. Ele não revela qual é o nível de uso da capacidade instalada. Por este e outras questões é que a fabricante ainda não pensa em nacionalizar a plataforma global EnVentus, lançada em janeiro e cujo maior destaque é sua modularidade levando a potência nominal entre 3 MW a 5,6 e rotor de 162 metros de diâmetro.
“A V150 é muito competitiva e esperamos ser competitivos assim por muito tempo”, destacou Zampronha. “As vendas da nova plataforma que é modular ocorrem lá fora e não temos planos para a nacionalização, temos um projeto peculiar para a V150 que foi desenvolvida especificamente para o nosso país. Acredito que daremos uma continuidade longa ao nosso atual produto por aqui”, acrescentou.
Em termos de mercado, contou o executivo, a aplicação dos equipamentos que a empresa vende tem sido predominantemente para o mercado livre. A divisão, calculou, é de 70% para parques que negociaram energia no mercado livre e os 30% restantes no regulado. Essa performance varia de acordo com o período, contemporizou, mas considera que uma tendência importante para o futuro no Brasil que, segundo suas palavras, ainda está nos primeiros passos para um setor elétrico mais avançado.
Entre seus clientes estão além dos dois já citados a Casa dos Ventos com 151 MW, Engie com 361 MW e Quadran com 206 MW. E ainda há mais perspectivas de negócios ainda originados de leilões passados.
Até para atender a essa demanda crescente a Vestas trouxe para a maior feira do setor eólico na América do Sul três lançamentos. O primeiro é a plataforma modular já abordada. Outra novidade visa a transformação digital do setor pelo uso da inteligência artificial. É um software cuja promessa é a de prever com antecedência de até 48 horas a produção de energia com alto nível de precisão por turbina instalada e não por cluster de parques eólicos. E ainda sistemas híbridos, mas que por aqui ainda precisam ser regulamentados. “Hoje temos mais conhecimentos sobre essa modalidade de plantas, aprendemos bastante e agora precisamos realizar um trabalho com as autoridades para que esses parques híbridos possam chegar ao país”, disse.