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O mercado de emissão de títulos de dívidas “verdes”, conhecido como green bonds, pode chegar a R$ 100 bilhões nos próximos 5 anos no Brasil, disse Gustavo Pimentel, diretor da SITAWI, organização brasileira que faz a interface entre finanças e sustentabilidade. Atualmente, o estoque de títulos verdes no país é de R$ 18 bilhões, com grande protagonismo das empresas dos setores de energia elétrica e papel e celulose. No mundo, o estoque de green bonds está na casa dos US$ 600 bilhões, porém com expectativa de chegar a US$ 1 trilhão em 2025.
O mercado de green bonds é relativamente novo. A primeira emissão de uma empresa brasileira aconteceu em 2015. A BRF captou 500 milhões de euros, porém com colocação no exterior. A primeira emissão nacional aconteceu um ano depois, quando a Suzano Papel e Celulose captou R$ 1 bilhão. No setor de energia, a pioneira foi a CPFL Renováveis, captando R$ 200 milhões em fevereiro de 2017.
Títulos verdes são qualquer instrumento de captação de dívida onde existe um compromisso documentado de que os recursos serão direcionados para projetos ou ativos que apresentem benefícios socioambientais.
Para o emissor, há um benefício reputacional, mostrando para o mercado que a empresa possuí uma estratégia ambiental e está colocando dinheiro nela. Outra vantagem é a diversificação da base de investidores, pois o emissor passa a ter acesso a investidores institucionais que têm interesse nesses papéis. Além disso, devido à procura, o emissor pode conseguir taxas de financiamento mais atrativas quando comparada aos papéis tradicionais. “Existe um movimento crescente no mundo de fundos, bancos e investidores institucionais que reservam parte do seu portfólio para comprar títulos verdes”, disse Pimentel.
O mercado global de green bonds está em rápido crescimento. Isso pode ser verificado quando analisadas as emissões ano a ano. Em 2013, foram emitidos US$ 11 bilhões de títulos verdes, para US$ 167 bilhões em 2018 e com potencial de chegar a US$ 250 bilhões em 2019, de acordo com dados do Climate Bonds Initiative e Green Bond Data.
Como o green bond precisa respeitar algumas regras e precisa ser certificado por empresas como SITAWI, para quem compra o título há uma redução dos custos com due diligence. Além disso, o investidor só tem ganhos indiretos mostrando que direciona parte dos seus recursos em projetos que promovem melhoria ao meio ambiente e a sociedade.
“Apesar de parecer um mercado que movimenta muito dinheiro, isso ainda é uma gota no oceano se comparado a todo mercado global de dívida. Os títulos verdes representam apenas 3% de um volume global de R$ 100 trilhões de estoque de dívida no mundo. O estoque de green bond está na casa dos US$ 600 bilhões”, disse o especialista.
Na lista das empresas de energia que já emitiram green bonds, além da CPFL Renováveis, constam Ômega Energia Renovável, Rio Energy, Enel Green Power, Isa Cteep, AES Tietê e Taesa. Há emissões da Neoenergia, projetos de linha de transmissão e geração em andamento.
“O setor elétrico tem vocação para desenvolver o mercado de títulos verde em Reais. Começou com as emissões de energia eólica e há movimentos muito interessantes nos setores de solar e linhas de transmissão”, disse Pimentel. Há empresa que estão, inclusive, considerando emitir green bons para desenvolver projetos de geração distribuída.
Ele lembrou que a diminuição do papel do BNDES no financiamento dos projetos de infraestrutura contribuiu para que o mercado de capital participasse mais ativamente no desenvolvimento de project finance. Contudo, para que o mercado de green bonds cresça de forma robusta, também é importante que o mercado de dívida como um todo esteja saudável no país.