A EDP e Eneva entregaram na última terça-feira, 11 de junho, a primeira estrada do Ceará que reutiliza cinzas de carvão na pavimentação, formando um composto asfáltico inovador e sustentável. Os resíduos são subprodutos oriundos da geração de energia do Complexo Termelétrico de Pecém, no Ceará, composto pela UTE Pecém I, sob gestão da EDP Brasil, e pela UTE Pecém II, administrada pela Eneva. As cinzas são usadas em duas camadas que formam a base da estrada. Em uma delas, o material substitui 50% de solo comum. Na outra, representa 95% da composição. É a primeira vez que esse tipo de aplicação é utilizado fora de ensaios laboratoriais.
O estudo para o desenvolvimento do composto iniciou-se em 2015 e conta com participação da Universidade Federal do Ceará (UFC). Ao todo, o projeto recebeu investimento de R$ 4,1 milhões. A via de 1,3 quilômetro de extensão e 12 metros de largura receberá tráfego de caminhões com insumos, ônibus de transporte de funcionários e veículos particulares. O ganho ambiental ocorre pela utilização de cinzas do carvão – subprodutos da geração de energia – como matéria-prima.
Na visão do diretor de geração da EDP Brasil, Lourival Teixeira, a inauguração da estrada deixa um legado e mostra que atitudes corporativas que justificam o reconhecimento, como o do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da B3. “A substituição do solo natural na composição do asfalto traz ganhos ambientais e econômicos”, completou.
Para ele, a principal possibilidade que se abre com a pesquisa e aplicação prática das cinzas de carvão como insumo asfáltico é evitar a exploração de jazidas naturais para extrair solo nativo, prevenindo a degradação ambiental. Além disso, afirmou que a UFC irá elaborar um Manual de Uso contendo normas e instruções de serviço que servirão de apoio e incentivo à concepção de pavimentos com utilização das cinzas oriundas de termelétricas.
Carvão mineral em blocos de concreto
Essa não é a primeira pesquisa realizada pela EDP Brasil com o objetivo de reutilizar as cinzas de carvão mineral. Em 2016, a unidade administrativa da UTE Pecém empregou aproximadamente R$ 5,8 milhões em estudos para investigar a adição desses resíduos à massa que forma os blocos de concreto utilizados na construção das paredes, na massa do meio fio e no calçamento externo da unidade, tanto nos passeios quanto nas pistas de circulação de veículos.
Desenvolvida em parceria a Universidade Federal do Ceará e Faculdade de Tecnologia do Nordeste (Fatene), a composição utiliza 95% de insumo tradicional e 5% de cinza. As peças pré-moldadas são feitas com adição de cimento e de uma série de outros componentes. Os agregados mais tradicionais são areia e pó de pedra. Nesse caso, uma parte desses materiais foi substituída pela cinza.