A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) constatou que os agentes não têm acessado as informações sobre o preço horário, evidenciando uma falta de interesses dos agentes em buscar dados para compreender melhor os benefícios dessa mudança para o setor elétrico brasileiro.
Desde abril de 2018, a CCEE tem oferecido informações ao mercado para auxiliar os agentes. A média mensal dos acessos, no entanto, está em 757 cliques pelo site e 208 acessos pelo aplicativo. “Foi uma constatação para dar uma sacudida e motivar”, disse o presidente do Conselho de Administração da CCEE, Rui Altieri.
“Talvez seja um pouco da característica nossa de deixar tudo para última hora. Sei que se no dia 31 de julho a Cepamp definir que vai ser implementada, todo mundo vai sair correndo atrás para uma coisa que está disponível desde abril de 2018”, disse o executivo a jornalistas após participar do Ethanol Summit, em São Paulo, nesta segunda-feira, 17 de junho.
Também presente no evento, o diretor geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Eduardo Barata, lembrou que o preço horário estava previsto para entrar em vigor em 2002, mas com o racionamento o tema acabou ficou em segundo plano. “Quando a gente fala de preço horário, a gente não está falando de um atraso de 2 anos, mas de um atraso de mais de décadas”, afirmou.
“Temos trabalhado diariamente pela viabilização da entrada do preço horário em janeiro de 2020. Começamos esse trabalho em 2017, sinalizamos para janeiro de 2019 e em março do ano passado chegamos à conclusão que precisávamos de mais tempo. Fomos à Cepamp e defendemos postergar por um ano. Estamos trabalhando com muito afinco, tivemos uma consulta pública que terminou na semana passada, estamos analisando todas as contribuições e em função das contribuições e dos estágios que nós estamos, a Cpamp vai tomar uma decisão. Esperamos que seja mantida a data de janeiro de 2020”, declarou o diretor do ONS.
Barata lembrou que quando a matriz era basicamente hidrotérmica, o custo de geração variava muito pouco. Mas a partir da entrada das novas renováveis, principalmente eólica e solar, a custo de geração está mais dinâmico e se tornou horário. Esse desencontro entre custos e preços dificulta a comercialização de energia, inclusive a troca de energia entre Brasil, Argentina e Uruguai. As nações vizinhas já trabalham com a precificação horário. No Brasil, preço é por patamar de carga, definido semanalmente. Para Altieri, todos os agentes já deveriam estar prontos para o preço horário.
CHAMADA DE MARGEM
Outro tema que enfrenta resistências dos agentes é a implementação da chamada de margem semanal, cuja pretensão da CCEE também é implantar em janeiro de 2020, com o objetivo de melhorar a segurança do mercado de energia, que caminha para ser mais livre nos próximos anos.
“A chamada de margem é uma novidade que vai dar algum trabalho operacional, mas entendemos que os benefícios são muito maiores que os custos”, disse Altieri.
Uma das alegações dos agentes de comercialização é que a chamada de margem semanal vai aumentar muito os custos das operações. No entanto, na avaliação de Barata, é impossível ter aumento da segurança sem aumentar os custos.
“Essa medida que a CCEE vem tomando agora é uma medida que já vem com atraso. Há anos já se percebia essa necessidade. Essas crises que aconteceram agora no começo do ano com as comercializadoras, já aconteceram no passado. Essas medidas que a CCEE tomando são imprescindíveis para aumentar a segurança do mercado”, defendeu o diretor do ONS.