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O apagão que ocorreu em Argentina e Uruguai no último domingo, 16 de junho, dificilmente traria consequências ao Brasil. O fato de se tratar de um dia de final de semana, quando normalmente a carga é reduzida e de estarmos em uma época de baixa demanda, naturalmente, por conta das temperaturas mais amenas reduzem o risco. Além disso, a opção pela interconexão ser feita por meio subestações conversoras representam um meio físico que tem um efeito semelhante a um grande disjuntor.
Na avaliação de Martha Carvalho, gerente de projetos da consultoria PSR, a separação física entre Brasil e Argentina se faz necessária pelo fato que os países operam seus sistemas em frequências diferentes, 60 Hz para nós e 50 Hz do lado de lá do rio. Só essa diferença já justificaria a instalação da conversora que tem como característica poder desacoplar as redes dos dois países. Por isso, se a ocorrência fosse registrada em condições distintas, como, por exemplo, em um momento de importação de energia e no meio de uma tarde quente, o problema seria contornável, pois há ferramentas que permitem a manobra segura por parte do ONS.
Na hipótese apontada o país precisaria aumenta a geração de energia no sul do país para compensar a queda da importação. Até porque há uma reserva que ajuda em questões operativas como a reserva girante o que não criaria um blecaute em cascata.
“Houve uma decisão interessante e acertada ter a interconexão com outros países por meio de conversoras, essa é uma medida de proteção física capaz de desconectar os sistemas dos países e evitar o desbalanço que cria o efeito cascata em eventos desta natureza. Pode ser uma ferramenta automática, mas precisa estar bem calibrada”, explicou.
O principal ponto de interconexão elétrica do Brasil com seus países vizinhos é justamente na conversora de Garabi junto à Argentina com capacidade de cerca de 2 GW, por meio de onde é feita a importação da energia daquele país. Esse seria o único ponto capaz de trazer algum desequilíbrio ao setor elétrico nacional. Mas isso, explicou, somente ocorreria em um cenário de convergência de fatores combinados a um corte abrupto de um grande bloco de energia.
“Estabelecendo um paralelo com o nosso último grande caso, o de Belo Monte em março de 2018, há ferramentas operativas utilizadas nessa oportunidade como o desacoplamento do Nordeste do SIN e que poderia ser feito no caso de um hipotético problema no Sul do país originado pelos países vizinhos”, avaliou. “A conversora no Uruguai é pequena e o sistema brasileiro poderia absorver caso houvesse um problema”, acrescentou.
Pouco depois das 7h da manhã do último domingo, tanto Argentina quanto o Uruguai ficaram totalmente às escuras após uma ocorrência no sistema de transmissão argentino entre as usinas Yacyretá e Salto Grande. Quase 50 milhões de pessoas foram afetadas e o religamento de 95% da rede demorou nove horas para ser atingido, segundo a Edesur, concessionária que atende a região metropolitana da capital argentina, Buenos Aires.