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A comercializadora Tesla registrou nessa semana na B3 o seu primeiro contrato de derivativo de energia, disse o presidente da companhia, Sérgio Moraes. O nome da contraparte não pode ser revelado. A aposta foi feita considerando a expectativa de preço futuro da energia convencional do submercado Sudeste/Centro-Oeste para junho de 2019.
“O momento é muito propício para explorar essa modalidade de negócio, eliminando o risco da não entrega da energia por não existir a entrega física da energia. O que se liquida é apenas o delta referente a volatilidade verificada. Não tenho dúvidas de que rapidamente haverá uma grande disseminação dessa modalidade de negociação” afirmou Moraes em entrevista à Agência CanalEnergia nesta terça-feira, 18 de junho.
Derivativos são contratos que derivam de um ativo (índice, preço, câmbio, ouro, entre outros). Na operação da Tesla, o contrato deriva do preço da energia. Para que a operação ocorra as partes precisam ter uma visão inversa do comportamento futuro do preço de energia em um dado período.
Por exemplo, se o preço base do contrato for R$ 100/MWh, sendo que uma parte apostou que o preço vai ser maior e o outro que vai ser menor. Se o preço ficou em R$ 110/MWh, quem apostou na alta recebe da outra parte a variação de R$ 10.
A operação é muito utilizada no mercado financeiro e é registrada na bolsa de valores de São Paulo, B3. Essa estruturação de derivativo de energia precisa respeitar as regras do mercado financeiro, dispensando regulação por parte da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) ou da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
A Tesla Comercializadora começou a operar no mercado em março de 2017 como gestora de energia, mas atualmente atua como trader, comercializando entre 110 MW médios e 120 MW médios mês. No entanto, a empresa foi afetada pela falta de liquidez que alcançou o mercado de energia no primeiro semestre do ano, após algumas comercializadoras aplicarem um default.
A estruturação de derivativos de energia é um tema que está no planejamento estratégico da Associação Brasileira de Comercializadores de Energia (Abraceel) e diversos associados estão estudando operações desse tipo, disse Frederico Rodrigues, diretor de Relações Institucionais da entidade.
“É um contrato puramente financeiro, que pode ser usado como hedge ou como instrumento financeiro de garantia para contratos de energia. É uma forma de dar mais segurança para o mercado e achamos que é um avanço para o setor elétrico brasileiro”, disse o executivo.