A Brasil BioFuels (BBF) inaugura nesta quinta-feira, 27 de junho, uma usina esmagadora para extração do óleo de Palma, no município de São João da Baliza, em Roraima. O empreendimento, que angariou investimentos de R$ 65 milhões, terá capacidade inicial de produção de 72 toneladas de óleo por dia, que será destinado a produção de biodiesel em indústria da própria BBF e na geração de energias das termelétricas do grupo.

O biocombustível é estratégico para a Região Norte, onde muitas localidades não estão conectadas ao Sistema Interligado Nacional. O caminho então passa pelo chamado Sistema Isolado, que usa o óleo diesel como fonte para geração. Especificamente em Roraima, além das térmicas a diesel, o estado depende também do fornecimento da Venezuela. Milton Steagall, CEO da BBF, afirmou que com o funcionamento da esmagadora, a empresa, que já produz biodiesel com o sebo bovino, passará a fabricar o biocombustível também por meio do óleo de Palma, que poderá ser utilizado na geração de energia nas usinas termelétricas (UTE) do próprio grupo.

A empresa iniciou o plantio da Palma em 2008, respeitando o Zoneamento Agroecológico da Palma de Óleo (Decreto Nº 7.172/2010), que define a implantação sustentável desse cultivo em áreas desmatadas até o ano de 2007, com o objetivo de recuperá-las. A planta é uma das oleaginosas que oferece maior produtividade no mundo, com média anual de 5 toneladas de óleo por hectare. Para efeitos de comparação, a soja, matéria-prima mais utilizada para produzir biodiesel no Brasil, possui média de 0,7 toneladas.

Fundada em Roraima com o objetivo de desenvolver o estado e a Região Norte, a BBF identificou na Palma uma oportunidade de proporcionar uma matriz energética mais limpa para os sistemas isolados. “A Amazônia está intoxicada pelo diesel utilizado durante anos para a geração de energia e transporte. Além da emissão de carbono provocada pela queima desse combustível fóssil, o custo é altíssimo: além do valor do litro, o transporte é dispendioso, pois o diesel precisa vir do Sudeste”, explica Steagall.

Além da fabricação do biocombustível, a BBF também atua na geração de energia elétrica renovável nos sistemas isolados, fornecendo energia em dez localidades de Rondônia e quatro do Acre, além de ter iniciado as operações no último mês de maio em uma das seis unidades do Amazonas, que ainda terão as cinco restantes inauguradas até o final deste ano.

A companhia sagrou-se vencedora do leilão promovido pela Aneel no final de maio para abastecimento parcial de Roraima, seguindo a mesma premissa de utilização de combustíveis renováveis, sua estratégia principal. “Utilizaremos o óleo produzido como matéria-prima para substituir o óleo diesel e fornecer energia sustentável para a população”, indica o executivo, que revela também que a empresa fará a produção de energia por meio de uma térmica a biomassa, cujo combustível virá do plantio e exploração da Palma.

São João da Baliza também servirá de base para novos projetos da empresa, que com o empreendimento avança para uma nova etapa: a implantação de uma unidade de produção de etanol de milho, com o aproveitamento do excedente de vapor da UTE. “O etanol será destinado à produção de biodiesel na futura fábrica de Manaus”, informa Steagall.

A usina esmagadora vai operar com o fruto produzido no cultivo das fazendas próprias, que já remontam 5.000 hectares de área plantada e que aumentarão a produção de biodiesel da BBF. Além disso, um empreendimento deste porte irá gerar uma série de empregos em São João da Baliza e região nas atividades industriais e agrícolas do cultivo e colheita da Palma, haja visto que não podem ser mecanizadas.