O governo pretende resgatar a proposta de licitar áreas de exploração e produção de gás natural em terra, o que pode incluir eventualmente o shale gas. Neste último caso, afirmou o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, a situação tem que ser analisada, porque há questões de meio ambiente envolvidas. A extração de gás não convencional pela técnica conhecida como fraturamento hidráulico é polêmica pelos impactos ambientais que ela pode causar, como a contaminação de aquíferos, por exemplo.

Os investimentos na ampliação da oferta podem incluir a extensão a outros estados da região Norte da estrutura para o aproveitamento do gás da província de Urucu (AM), hoje destinada apenas a usinas termelétricas no estado do Amazonas. A possibilidade não foi descartada por Albuquerque, ao ser questionado por parlamentares da Comissão de Minas e Energia da Câmara nesta quarta-feira, 26 de junho. O ministro repetiu a apresentação sobre as diretrizes de liberalização do mercado de gás natural, feita no Senado na última terça-feira, 25.

O ministro acredita que o novo mercado de gás vai criar o ambiente para que os investimentos possam ocorrer, mas alerta que ninguém vai entrar nesse mercado se não houver retorno. “Estamos criando as condições para que esse investimentos possam levar o gás no futuro a Roraima e a outros locais”, disse em conversa com jornalistas.

Financiamento

Várias empresas nacionais e estrangeiras, segundo Albuquerque, manifestaram interesse na captação de recursos para projetos de expansão da malha de transporte de gás no Brasil, com o lançamento de debêntures incentivadas. Essa é uma das modalidades que o governo tem estudado para permitir os investimentos necessários à ampliação da capacidade de escoamento do produto nos próximos anos. “Nós acreditamos que com essa resolução do Conselho Nacional de Política Energética [com as diretrizes para liberalização do mercado] tenhamos dado mais um passo para, primeiro, tornar os investimentos atrativos, porque eles vêem ali segurança jurídica e possibilidade de retorno desse investimento”, disse o ministro, que citou como exemplo de investidores interessados empresas japonesas.

Albuquerque destacou que enquanto no Brasil 80% do gás produzido vem do mar e 20% de campos em terra, em todo o mundo é o contrário. “Poderia ser por uma questão geológica, de que o país não tem gás em seu território, mas as informações dizem justamente o contrário, que temos grandes reservas. Nós temos que considerar isso, porque o custo da exploração em terra é muito mais barato”, justificou aos parlamentares da comissão.