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Em tratativas com o BNDES para a contratação dos estudos de avaliação e a definição da modelagem de venda da CEB D, a Companhia Energética de Brasília realizou um aporte de R$ 82 milhões na concessionária de distribuição na última sexta-feira, 28 de junho. O reforço de caixa da holding veio de dividendos das empresas de geração, e uma nova injeção de recursos da ordem R$ 400 milhões deverá ser feita no segundo semestre do ano. A fonte desses recursos “pode ser até uma operação de mercado com garantia das empresas”, disse o presidente da CEB, Edison Garcia, em entrevista à Agência CanalEnergia.
A venda do controle societário da distribuidora do Distrito Federal foi aprovada em assembleia de acionistas no último dia 19 de junho. O governo do DF pretende vender o controle da empresa em leilão, atraindo um parceiro estratégico que possa realizar os investimentos necessários ao cumprimento das metas estabelecidas no contrato de concessão.
“Estamos fazendo a mudança do plano de negócios do governo passado, que era vender as empresas de geração para aportar recursos e capitalizar a empresa de distribuição. A mudança de estratégia foi manter as empresas de geração e alienar a participação de controle da empresa de distribuição, mantendo 49% no controle indireto do DF”, explicou Garcia. Com a decisão dos acionistas, o próximo passo será a contratação de consultoria para fazer a valuation da distribuidora e definir o modelo de venda do controle. Paralelo a isso, há um processo de reestruturação que visa a alongar o perfil da dívida da CEB D para manter as metas regulatórias do contrato.
O grupo CEB é formado pela holding, companhia aberta que tem 80% do capital social controlado pelo governo do Distrito Federal e 20% de ações nas mãos de investidores na B3. Abaixo dela tem a distribuidora, que é uma subsidiaria integral, uma empresa de geração responsável pela pequena central hidrelétrica Paranoá e outras quatro que administram participações minoritárias em nas concessões das usinas hidrelétricas Lajeado, Corumbá 4, Corumbá 3 e Queimado.
Um dos interessados na distribuidora seria o grupo Enel, mas outros investidores também teriam manifestado a intenção de estudar a situação da CEB D e participar do processo, disse Garcia. Executivos do grupo italiano estiveram na quinta-feira passada (27) com o governador Ibaneis Rocha para uma apresentação sobre a atuação da empresa, que explora o serviço de distribuição de energia elétrica em estados como Rio de Janeiro, São Paulo e Goiás. “Foi uma visita de cortesia [com os executivos] dizendo que tem o DF como uma meta de sinergia com a Celg, que eles adquiriram de Goiás”, informou o executivo. Procurada, a Enel Brasil não quis comentar a visita.
Garcia destacou que a CEB D tem bons indicadores de qualidade e de atendimento, que estão dentro dos limites regulatórios estabelecidos pela agência reguladora, e tem melhorado bastante nisso. “O problema é que desde que a renovação [da concessão] se deu em 2015 a melhora desses indicadores consumiu recursos que foram obtidos por meio de dívidas. Isso fez com que nos últimos quatro anos a companhia tivesse um crescimento muito grande do seu endividamento. Então, ela está extremamente alavancada e é a grande preocupação”, justificou.
Historicamente, a concessionária apresenta certo desequilíbrio entre receitas e despesas, considerando gastos elevados com Pessoal, Material, Serviços e Outros (PMSO). Para o presidente da holding, que também ocupa a função da diretor-geral da distribuidora, a saúde financeira da empresa depende investimentos, mas também de mudança de gestão, com um sócio que traga uma visão do setor privado.
Sem intenção, a principio, de vender a parte de geração da CEB, o governo do DF também não pensa em novos investimentos. O foco agora é incentivar a instalação de projetos privados em empreendimentos de geração de fontes alternativas, com a solar fotovoltaica e a geração de energia elétrica a partir de resíduos sólidos. Há também um projeto de geração de energia a partir de restos de podas de árvores.