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A Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen) ficou decepcionada com o resultado do leilão A-4, ocorrido na última sexta-feira, 28 de junho. O certame terminou com a contratação de apenas 81 MW médios, montante que só foi alcançado graças a estratégia das empresas de garantir acesso ao sistema de transmissão para vender energia no mercado livre. A fonte biomassa, cuja representação cabe a Cogen, viabilizou apenas um projeto. A UTE Sonora (MS-21,4MW) com 9,5 MW de garantia física vendeu 78% da produção, ao preço de R$ 179,87/MWh, deságio de 42% frente ao preço teto de R$ 311/MWh.
Para Newton Duarte, presidente executivo da Cogen, a contratação de apenas um projeto a biomassa indica que o governo federal ainda não está dando a devida atenção às perspectivas de crescimento da bioeletricidade decorrentes do aumento de produção de etanol a partir do programa RenovaBio, a política nacional de incentivo aos biocombustíveis.
“A participação da biomassa com um único projeto — a um preço, aliás, aquém das expectativas do setor — retrata a baixa atenção do governo quanto à evolução esperada da exportação de energia pelas usinas de açúcar & etanol em função do início do programa RenovaBio, a partir de 2020”, diz o presidente executivo da Cogen.
Duarte afirma que o resultado do leilão A-4 revela que são baixas as perspectivas de crescimento da demanda, com 2,4% de crescimento nos últimos 12 meses. Apenas duas distribuidoras de energia compraram energia. O leilão visa atender ao mercado a partir de 2023. Apesar da baixa demanda, 15 projetos conseguiram vender energia, oriundos de usinas solares, eólicas e pequenas centrais hidrelétricas.
O destaque foi a quantidade de energia vendida. Em geral, os projetos venderam apenas 30% da sua produção, revelando a estratégia dos agentes de garantir a conexão e buscar receitas complementares no mercado livre.
Nos cálculos da Cogen, na esteira do RenovaBio, a cogeração de energia no Brasil a partir da biomassa de cana-de-açúcar tem potencial para crescer mais de 50% até 2030 – uma vez que o crescimento de produção de etanol vai ampliar a quantidade disponível de bagaço de cana.” No Brasil, há 511 empreendimentos de biomassa em operação, somando 14,90 GW de capacidade instalada.
Em outubro, o governo tem programado um segundo leilão para contratação de energia, para atendimento ao mercado a partir de 2025. “Espera-se que no leilão A-6, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), em conjunto com o Ministério de Minas e Energia (MME), possam estabelecer condições de demanda ajustadas aos atributos proporcionados pelas fontes, levando em consideração as estratégias energéticas ora sendo implantadas no país, a exemplo do etanol e gás natural”, complementa Duarte.
Solar fotovoltaico
De acordo com Duarte, também impressiona a agressividade dos projetos fotovoltaicos no leilão A-4, que alcançou novo recorde de preços no Brasil, vendendo a R$ 67,48/MWh, contra o teto de R$ 276,00/MWh.
“O deságio foi de 75,5%, apesar de requerer longos períodos de amortização dos investimentos. Impressiona por aparentemente serem valores incompatíveis com a lógica de mercado”, afirma Duarte.
Para ele, o fator de carga atribuído aos projetos fotovoltaicos demonstra maior cuidado com o comprometimento de geração, de 15% neste leilão, em virtude das condições definidas no edital — agora não mais de disponibilidade, mas, sim de quantidade de energia a ser entregue.