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O perfil de contratação verificado no último leilão A-4 onde os investidores colocaram apenas uma parcela de sua garantia física no ACR para aproveitar a outra parte para o mercado livre deverá se manter no Brasil. De acordo com estudo da consultoria Wood Mackenzie intitulado ‘Are Renewables making Money in Brazil?’ um dos destaques foi o preço da solar fotovoltaica, o mais baixo registrado globalmente em mercados que se utilizam do mecanismo de leilões.

O analista sênior de Power and Renewables da consultoria, Rafael Bessa, apontou que esse caminho deve-se a dois fatores. Um é a continuidade da migração para o mercado livre ao passo que esta é facilitada. “Com esse segmento vai haver mais interesse em contratação por parte do consumidor. Além disso, a gente tem visto que os consumidores querem se associar às energias renováveis. Além disso há a previsibilidade, a compra no mercado livre ajuda tanto o planejamento do consumidor quanto o do gerador”, comentou.

Os preços para a solar ficaram em um patamar US$ 2/MWh menores do que o mais recente leilão de abastecimento do México, que estabeleceu o recorde mundial anterior em 2017. A Enerlife venceu o projeto Milagres de 202 MW de cinco seções no Ceará com uma oferta de US$ 16,95/MWh. Além disso, destacou que a média do PV solar fotovoltaico ficou em pouco mais de US$ 17 /MWh. “O último leilão A-4 do Brasil em 2018 registrou uma média de US$ 35/MWh, marcando uma queda de quase 50% no preço do contrato”.

Quanto à eólica, reforçou a consultoria, as empresas que negociaram projetos, a Neoenenergia e Voltalia são players tradicionais. Além disso, lembrou que a Neoenergia já divulgou um comunicado afirmando que 70% da energia não vendida no leilão será vendida no mercado livre e planeja entregar as plantas seis meses antes do vencimento. E que a Voltalia informou que entregaria seu projeto antecipadamente, aproveitando para monetizar 100% da energia no mercado livre antes de entrarem em vigor os CCEARs.

Para a Wood Mackenzie, essa estratégia de antecipação de operação e mistura de PPAs entre mercados regulados e atacado já é utilizada pelos desenvolvedores de projetos eólicos desde 2010, embora a estratégia tenha acelerado nos últimos dois anos em leilões. Esse fenômeno, continuou, explica parcialmente a queda dos preços no país quando comparados com os internacionais.

Por sua vez, comentou Bessa, os consumidores também vêm demonstrando um crescente interesse em comprar energia de fontes renováveis. Recentemente, o McDonald’s anunciou seu acordo de R$ 30 milhões com a AES para geração solar, e a empresa de cosméticos L’Oreal e seu acordo com a Engie para ter 100% de sua energia dos projetos eólicos. Contudo, essa estratégia não é exclusividade dessas duas fontes, estão nesse mesmo caminho, no A-4, investidores privados em PCHs.

A consultoria ressaltou ainda que as mudanças no financiamento também facilitaram a precificação de ofertas de energia eólica nos últimos anos. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social mudou sua política. As taxas de financiamento favoráveis foram ainda mais ativadas pela reentrada do Banco do Nordeste em empréstimos para projetos renováveis a taxas ainda mais competitivas do que as do BNDES, avaliou.

Apesar dos preços ofertados no leilão, disse o analista, os projetos são viáveis justamente por conta desse mix entre os preços mais baixos no leilão compensados pelo mercado livre que traz normalmente valores mais elevados do que os reportados no ACR. “À primeira vista, o resultado no leilão choca, mas quando vemos que apenas uma parcela da garantia física desses projetos foi negociada e a outra está disponível no ACL, percebemos que esse modelo faz sentido, ainda mais com o crescente interesse dos consumidores em acessar o ACL e ainda mais por fontes renováveis”, afirmou ele. “De acordo com nossas projeções, vemos que os números desses projetos são sólidos”, acrescentou.

Um ponto futuro importante para o setor será a possibilidade de separar energia e capacidade, que está prevista como uma nova forma de negociar a energia no projeto de alteração do marco regulatório nacional. A penetração de renováveis no Brasil pode ser maior do que a consultoria prevê. E apontou que a robustez comercial baseada na abordagem de cenários de fundamentos e preços é mais necessária do que nunca para projetos de renováveis que apostem na estratégia de mercado.