A agência de classificação de ratings, S&P Global Ratings reafirmou os ratings BB-’ e ‘brAAA’ de crédito de emissor e na Escala Nacional Brasil atribuídos a escala global da Cesp, com perspectiva estável e que reflete a avaliação de crédito soberano do Brasil, em razão destes limitarem os ratings da companhia. Segundo a análise, a S&P espera que a geradora continue apresentando métricas de crédito confortáveis – embora mais alavancada – nos próximos anos, com dívida ajustada em relação ao EBITDA abaixo de 2x e geração interna de caixa (FFO – Funds From Operations) em relação à dívida acima de 40%, em razão de iniciativas para controlar custos e melhorar a estratégia de alocação de contratos de energia, a despeito do endividamento adicional incorrido.
O SACP ‘bbb-’ da empresa mostra que a opinião da agência é de que suas métricas de alavancagem permanecerão em níveis baixos, independentemente do aumento da dívida no contexto de privatização da companhia, esperando que a mesma se beneficie das iniciativas de eficiência operacional que sua nova gestão vem gradualmente implementando, embora o negócio esteja restringido por sua concentração em praticamente um ativo. A análise é limitada pelos ratings de crédito soberano da República Federativa do Brasil (BB-/Estável/B, escala global; brAAA/Estável/–, Escala Nacional Brasil), levando-se em consideração a sensibilidade da Cesp à economia doméstica e que todos os ativos da empresa e suas contrapartes se localizam no país.
Após o leilão de privatização em outubro de 2018, quando o estado de São Paulo vendeu seu controle para a VTRM Energia Participações S.A, a S&P não relaciona mais a Cesp ao governo. A VTRM foi estabelecida em 2017 para ser um veiculo de investimento da Votorantim Energia, uma subsidiária da Votorantim S.A. a explorar oportunidades no setor de energia renovável brasileiro. Embora a empresa possua também duas usinas eólicas operacionais na região Nordeste do país, a análise considera a CESP sua subsidiária core, dado que esta representa a maior parte do total de ativos do grupo. Em virtude da VTRM ser uma joint venture, sem um acionista controlador efetivo, numa avaliação que não assume que a companhia paulista contaria com suporte vindo da Votorantim nem do CPPIB.
Em janeiro de 2019, a Cesp emitiu debêntures de sete anos no montante de R$ 1,8 bilhão para financiar o pagamento de taxa de outorga, realizado em maio, o que permitiu a extensão de seus direitos de concessão em 30 anos da UHE Porto Primavera, de 1.540 MW. Na visão da agência, tal endividamento adicional ainda se traduz em métricas de crédito bastante aceitáveis, com dívida líquida em relação ao EBITDA abaixo de 2x, dada expectativa de que a companhia gerará fluxos de caixa operacionais mais fortes e resilientes, mesmo no cenário em que a empresa busque oportunidades adicionais de investimento.