A Copel apresentou um projeto de tecnologia de ponta em gestão de redes de energia, dando um passo fundamental para sua entrada definitiva na era das smart grids. A solução ADMS – Advanced Distribution Management System, ou Sistema Avançado de Gerenciamento de Distribuição – consiste em uma plataforma integrada que agrega softwares capazes de fazer o controle do sistema em tempo real e com precisão total, possibilitando manobras mais eficientes, rápidas e seguras em linhas, subestações e equipamentos de rede.
O projeto conta com investimentos de R$ 45 milhões e representa um componente fundamental para a gestão da energia compartilhada, produzida a partir da geração distribuída, uma vez que integra as ferramentas de comando dos pequenos geradores. Por isso, o sistema chega à distribuidora cumprindo duplo papel: o de modernização e o de ocupação de um novo espaço em termos de tecnologia de gerenciamento de redes. “É um divisor de águas para a Copel, que vai elevá-la a um outro patamar, de referência em eficiência, modernidade e tecnologia em gestão do sistema de distribuição de energia”, afirmou o presidente da Companhia, Daniel Pimentel Slaviero.
Segundo o diretor da Copel Distribuição, Maximiliano Orfali, o novo sistema coordenará praticamente toda a operação da rede da concessionária, com um grande salto de qualidade em uma iniciativa de vanguarda no setor. “É um dos mais modernos do mundo e poucas empresas o possuem. No Brasil não há nenhuma plataforma desse tipo, havendo apenas outras duas distribuidoras em fase de implantação, além da Copel”, ressalta.
O primeiro passo para a instalação do sistema foi dado com a integração dos centros de operação da distribuição da empresa em um só lugar, o polo Smart Copel, em Curitiba. A partir de agora, a nova ferramenta vem para dar mais sinergia na visualização do sistema de distribuição como um todo, “enxergando” as redes de alta, média e baixa tensão em uma só plataforma. Atualmente, a concessionária opera a rede até o consumidor com intervenção de um profissional. Com o ADMS, boa parte deste trabalho será feita por softwares, permitindo avisar e gerenciar automaticamente as interrupções de energia, além de permitir integração em tempo real para fornecer informações aos consumidores.
“Imagine que são 200 mil Km de rede e mais de quatro milhões de consumidores. O sistema nos dará condições de visualização georreferenciada de todo este ambiente”, disse Julio Omori, superintendente de Smart Grid e Projetos Especiais da Copel, afirmando que o sistema poderá ser operado literalmente olhando para cada um de seus componentes, com interface de cálculo capaz de determinar, com precisão, as manobras que precisam ser realizadas. Isso significa restabelecimento de energia mais rápido e seguro em casos de contingência, e informação que chega muito mais rápido à concessionária sobre a situação do fornecimento. “Antes mesmo do consumidor ligar saberemos exatamente em que ponto está o problema e o que precisa ser feito, além de termos mais precisão sobre o tempo de restabelecimento”, complementa.
Novas funcionalidades
No campo da inovação, a ferramenta também possibilita a implantação da tecnologia self-healing, que consiste em dotar a rede de capacidade de auto reconfiguração. A solução torna a comunicação entre as linhas de distribuição multidirecional, redirecionando a energia por meio de diferentes caminhos em caso de falhas – e garantindo a recuperação do fornecimento mais rapidamente.
Outra função é oferecer a capacidade de interação com o cliente, sendo possível visualizar remotamente até a entrada do medidor da unidade consumidora. Neste ponto, além de leitura remota do consumo, da previsibilidade de problemas e resolução mais precisa e rápida, o sistema sacramenta a era das redes inteligentes de energia – uma vez que a distribuidora terá controle de todos os pontos com geração distribuída instalada e do volume de armazenamento de energia excedente.
“As simulações em tempo real que o ADMS faz podem considerar não apenas a energia distribuída pela Copel, mas também a que é produzida via geração distribuída; assim, podemos fazer até mesmo o despacho da produção que vem dos pequenos geradores, unificando a gestão de toda a energia disponível no sistema”, explica Omori, resumindo o sistema em uma preparação para os novos tempos, que permitirá suporte e controle de todas as novas formas de geração e distribuição energética que estão despontando agora e que prometem crescer exponencialmente num futuro breve.
Implantação
O sistema começa a ser implantado agora na distribuidora paranaense e tem previsão de três anos para ser finalizado. Serão seis meses de planejamento e o início do módulo SCADA, que contempla redes de alta e média tensão e que já deve acontecer em um ano e meio. Na sequência virão os demais softwares, voltados à automatização de subestações, redes de baixa tensão, robotização do sistema e à automação dos consumidores.
Vencedora da licitação e responsável por desenvolver a plataforma junto à Copel, a Siemens tem no projeto uma expectativa de aliar o know-how construído em sua planta de pesquisa e desenvolvimento instalada em Curitiba à consolidação da tecnologia, num produto genuinamente brasileiro, em solo paranaense.
Segundo o vice-presidente da área de Smart Infrastructure da empresa, Sergio Jacobsen, há engenheiros no Paraná desenvolvendo o produto para outros países, como Estados Unidos e Alemanha. “ Até então nunca tínhamos tido um projeto dessa estirpe no país. Para nós é uma dupla realização poder fazer este projeto aqui, onde estamos instalados, e ainda poder construir mais conhecimento, com estes profissionais de alto valor agregado”, finalizou.