A petroleira BP e a produtora de alimentos Bunge se uniram para criar uma joint venture para investir em bioenergia, como etanol e bioeletricidade. Cada sócio terá 50% de participação na BP Bunge Bioenergia, que vai operar de forma independente. Na conclusão, a BP pagará à Bunge US$ 75 milhões e a joint venture assumirá US$ 700 milhões de dívidas provindas dos ativos da Bunge.
Segundo o comunicado enviado ao mercado nesta segunda-feira, 22 de julho, a nova empresa nasce com 11 usinas de biocombustíveis no Brasil, com capacidade de moagem de 32 milhões de toneladas por ano, com flexibilidade para produzir etanol e açúcar. O bagaço da cana-de-açúcar será utilizado para gerar eletricidade. Parte dessa energia será utilizada no próprio processo produtivo das usinas e o excedente será exportado para rede elétrica brasileira.
Os ativos da BP e da Bunge são complementares, com unidades em cinco estados brasileiros, incluindo três em São Paulo. “Este é mais um grande exemplo do compromisso da BP em desempenhar um papel de liderança em uma transição rápida para um futuro de baixo carbono. Os biocombustíveis serão parte fundamental nessa transição energética e o o Brasil já está assumindo a liderança ao demonstrar como eles podem ser usados em larga escala para reduzir as emissões no setor de transportes. Esta combinação criará novas possibilidades para melhorar a eficiência e o crescimento futuro neste mercado chave”, disse Chief Executive do Grupo BP, Bob Dudley.
MarioLindenhayn(BP) e GeovaneConsul (Bunge).
Em 2018, os dois negócios produziram um total de 2,2 bilhões de litros de etanol equivalente e, depois de fornecer eletricidade para suas unidades, ainda exportaram 1.200 GWh de bioeletricidade de baixo carbono para a rede nacional. Juntas, as duas companhias empregam, atualmente, mais de 10 mil pessoas no Brasil.
“Esta joint venture com a BP, uma das maiores líderes mundiais em energia, representa um marco importante na otimização de portfólio para a Bunge. Estamos orgulhosos do que nosso time tem feito para desenvolver nosso negócio de açúcar e bioenergia como um líder na indústria. Estou confiante de que este time, e o forte compromisso de uma líder global como a BP, irão criar ainda mais valor para os acionistas”, disse Chief Executive Officer da Bunge, Gregory A. Heckman.
O negócio combinado se tornará o segundo maior player da indústria de etanol de cana-de-açúcar no Brasil, em capacidade de moagem. Após a conclusão, o objetivo é que a BP Bunge Bioenergia gere sinergias operacionais e financeiras, por meio de eficiências de escala e aplicação das melhores práticas, tecnologias otimizadas e capacidades operacionais em todos os ativos do novo negócio.
A nova companhia deverá ter sede em São Paulo. Mario Lindenhayn, da BP, será Executive Chairman, Geovane Consul, da Bunge, Chief Executive Officer, e Marcus Schlosser, da BP, Chief Finance Officer. BP e Bunge terão igual representação no conselho de administração.
Em 2018, a produção brasileira de etanol foi de cerca de 26 bilhões de litros, quase inteiramente a partir da cana-de-açúcar cultivada no país. O governo brasileiro está implementando uma nova política de redução de emissões no setor de transportes, o RenovaBio, que irá estabelecer o primeiro mercado regulado de créditos de carbono do país. Com o Renovabio, espera-se um crescimento acelerado do mercado, apoiando o desenvolvimento da indústria de etanol de cana-de-açúcar.
O etanol produzido a partir da cana-de-açúcar é um dos biocombustíveis mais eficientes em termos de emissões de carbono disponíveis globalmente, emitindo cerca de 70% menos gases de efeito estufa em seu ciclo de vida em relação aos combustíveis de transporte convencionais à base de hidrocarbonetos. O Brasil é o segundo maior e mais integrado mercado mundial de etanol como combustível de transporte, com previsão de rápido crescimento da demanda. A maioria dos veículos no país – cerca de 70% – já é capaz de rodar com etanol, e a demanda do país pelo biocombustível deve crescer cerca de 70% até 2030.
Ainda sujeito ao cumprimento de condições contratuais e à obtenção das autorizações necessárias pelas agências reguladoras, espera-se que o acordo seja concluído no quarto trimestre de 2019. Até lá, cada empresa continuará atuando de forma isolada e independente