A utilização do lixo urbano para a produção de energia elétrica esbarra no modelo de comercialização, uma vez que a tecnologia já existe e desponta como uma solução sustentável para resolver parte do problema dos resíduos sólidos das cidades. “Temos tecnologia, temos uma necessidade do ponto de vista ambiental, o único desafio hoje é a comercialização dessa fonte”, afirmou o secretário de Planejamento Energético do Ministério de Minas e Energia, Reive Barros, em evento em São Paulo, nesta terça-feira, 23 de julho.

O executivo lembrou que hoje o grande desafio do Brasil é acomodar a oferta de fontes de geração. Para o próximo leilão de energia A-6, marcado para outubro, existe uma oferta de 100 GW de capacidade, quase a totalidade da capacidade instalada hoje no Brasil, de 165 GW.

No mesmo evento, o secretário de Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, André França, disse que a nova agenda ambiental do país está focada em “encarar os problemas ambientais urbanos”. O combate ao lixo no mar e a gestão dos resíduos sólidos estão na lista de prioridades do governo. Para ele, o Brasil precisa para de enterrar energia, em referência aos aterros sanitários.

De acordo com dados da Associação Brasileira de Recuperação Energética (ABREN), o Brasil produz 80 milhões de toneladas de resíduos sólidos por ano, sendo que 96% desses resíduos são depositados nos aterros. A tecnologia capaz de recuperar energeticamente os resíduos sólidos é conhecida como Waste-To-Energy, com mais de 2 mil usinas em operação no mundo.

Para Barros, é importante o país ter uma política para recuperação energética de resíduos sólidos. Ele disse que prefeituras e Estados têm um papel importante nesse processo de encontrar uma solução comercial, uma vez que a gestão do lixo vai beneficiar diretamente as cidades. “Hoje temos várias tecnologias que permitem utilizar de forma adequada esses resíduos sólidos, mas temos uma dificuldade no processo de comercialização”, reforçou o executivo.