O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse em cerimônia no Palácio do Planalto ter certeza de que o aumento da oferta de gás, seja do pré-sal, dos campos em terra ou até mesmo da Argentina, vai derrubar o preço do produto no país. “Agora, se vai cair 20%, vai cair 30%, vai cair 40% ou mais, não sabemos”, completou Guedes, após afirmar que nunca fala em números “sem uma base muito boa” de técnicos que trabalham com ele, e “ tem gente muito boa que estima em até 40% em dois anos a queda do preço do gás natural no Brasil.”
Para o ministro, o país vai aumentar “brutalmente a oferta com um choque de investimentos no setor”, e se em países europeus e no Japão, que não são produtores, o gás importado chega a US$ 8 por milhão de BTU, no Brasil esse preço tem que cair para pelo menos US$ 7 ou US$ 8.
Questionado sobre a previsão do governo de redução pela metade do preço atual do gás, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, lembrou que o próprio Guedes – autor das previsões – afirmou que é muito difícil dizer em quanto tempo isso vai acontecer. “O que nós sabemos é que os preços já estão caindo. Os novos negócios estão sendo realizados com um preço mais reduzido. Ao longo do tempo, tem uma expectativa de redução em dois, três, quatro anos, de até 50% de redução do preço do gás natural, que vai impactar toda a cadeia da economia.”
Albuquerque e Guedes participaram nesta terça-feira, 23, da solenidade oficial de lançamento do programa de abertura do mercado, conhecido como Novo Mercado de Gás. Na cerimônia, o presidente Jair Bolsonaro assinou decreto que cria o Comitê de Monitoramento da Aberturado Mercado de Gás Natural (CMGN), que ficará responsável pelo acompanhamento das ações necessárias à formação de um ambiente de competição no setor.
O colegiado será composto por representantes da Casa Civil da Presidência da República, dos ministérios da Economia e de Minas e Energia, do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) e da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Ele fará avaliações periódicas das medidas, e a primeira delas está prevista para daqui a 3 meses.
Bento Albuquerque destacou o papel primordial a ser desempenhado pelos estados na abertura do monopólio da distribuição.
Oficialmente, essa quebra já começa a ocorrer de fato com o acordo com o Cade que obriga a Petrobras a sair da parte de transporte e distribuição. A estatal tem participação na maioria das distribuidoras estaduais de gás. Albuquerque disse que o governo tem dialogado frequentemente com os estados, com o objetivo de incentivar o aperfeiçoamento das regulações estaduais.
O ministro informou que, com uma maior oferta de gás, até 2029 a produção brasileira passará de 124 milhões de metros cúbicos por dia para 267 mi/m³ dia. Ele citou como exemplos do “choque de energia barata” o campo de gás de Azulão, na Região Norte, que vai abastecer a produção de energia térmica contratada em leilão recente para abastecer a capital Boa Vista e localidades a ela conectadas. Segundo Albuquerque, outras iniciativas já começam a acontecer no Norte, Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste.