O Laboratório de Alta Potência do Cepel realizou pela primeira vez no Brasil um ensaio de corrente com valor eficaz de 50 kA para verificar a corrente suportável nominal de curta duração e o valor de crista da corrente assimétrica em um seccionador de classe 550 kV. Uma das principais funções de um seccionador de alta tensão é possibilitar o isolamento elétrico pleno entre partes de circuitos elétricos e equipamentos, garantindo segurança para realização de serviços de manutenção ou outro tipo de trabalho em ambiente desenergizado de subestações. Neste contexto, o trabalho realizado serve para verificar o desempenho do equipamento diante de um dos eventos mais críticos do sistema elétrico, o curto-circuito.
De acordo com o pesquisador Marcelo Guimarães Rodrigues, responsável pelo laboratório, um dos pontos que merece atenção para a realização do ensaio é a representação física do circuito, com dimensões significativas – mais de 50 m de condutores e uma altura superior a 10 m –, levando-se em conta que toda a estrutura deve suportar os intensos esforços resultantes das forças eletromagnéticas em função da corrente elétrica elevada.
“Foram nove dias de trabalho, incluindo toda a parte de montagem e duas aplicações de corrente, uma simétrica com valor eficaz de 50 kA e duração de 1 s e outra, assimétrica com o primeiro valor de crista de 130 kA e duração de 0,30 s”, conta. Ele explica que com estes valores de corrente, o seccionador é submetido às mais severas condições de curto-circuito para o nível especificado. A primeira aplicação, com duração mais longa, tem como objetivo analisar a suportabilidade do equipamento aos efeitos térmicos. Já a segunda, com curta duração e alto valor de crista, visa verificar a capacidade de o equipamento suportar esforços dinâmicos elevados.
Segundo o pesquisador, ensaio do gênero já havia sido realizado no Centro, mas com níveis de corrente inferiores. “O Cepel é a única instituição, no país, que conta com infraestrutura laboratorial com capacidade de realizar ensaios com potência elevada”, assinala, afirmando que sem as instalações e capacitação técnica do Centro, a indústria nacional e as empresas de energia elétrica teriam de recorrer a laboratórios estrangeiros, o que implicaria altos custos de logística e poderia inviabilizar o desenvolvimento de vários produtos nacionais.
Além de Rodrigues, fazem parte da equipe técnica do laboratório os seguintes profissionais: Cláudio Cerqueira Siqueira, Cristiano Sobreira Xavier, Mario Gonçalves de Melo e Robson Bianchi.