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A insatisfação do governo goiano com a qualidade do serviço da Enel Distribuição Goiás não diminuiu. Em reunião com o ministro chefe da Secretaria de Governo na última terça-feira, 30 de julho, o governador Ronaldo Caiado (DEM) pediu apoio do governo federal para uma troca do concessionário de distribuição de energia do estado. A italiana Enel comprou a antiga Celg-D no segundo semestre de 2016 por R$ 2,1 bilhões. Na época, ela estava sob administração da Eletrobras, que ficou com seu controle após negociação com o governo do estado.
As alegações do governo estadual são que mesmo após a privatização, a qualidade do serviço continua ruim, com viés de piora. De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico e Inovação do estado, Adriano da Rocha Lima, o número de reclamações dos clientes junto a Agência Nacional de Energia Elétrica só tem aumentando nos últimos anos, o que evidenciaria a má qualidade. Segundo ele, queixas do período pré-privatização persistem, como os problemas com consumidores como produtores de leite, cujo produto estraga devido a longas interrupções do fornecimento.
Ainda segundo Lima, Bayer e Monsanto são algumas das empresas prejudicadas. Na Bayer, os prejuízos já teriam chegado na casa dos R$ 14 milhões. Em fevereiro, a multinacional se reuniu com Caiado, pedindo sua interferência e revelando essa perda. A unidade de Santa Helena vinha sendo penalizada com variações de tensão e quedas de energia. “A situação chegou em um nível tão crítico que toda semana estamos recebemos uma empresa dizendo que assim não dá”, avisa.
Em fevereiro, a Enel entregou para a Agência Nacional de Energia Elétrica Plano Emergencial de Melhoria da Qualidade da empresa, com previsão de ações e investimentos no curto prazo para sanar problemas na qualidade do fornecimento de energia e no atendimento comercial à população. O plano previa antecipação de construções de subestações além da ampliação de outras 18. Estava prevista também a expansão, em 84 quilômetros, da malha de linhas de alta tensão e a instalação de 1.247 quilômetros de novas redes de média tensão.
Segundo o secretário, um trabalho conjunto entre os técnicos da secretaria e técnicos da Celg GT mostrou insuficiências nos planos de investimentos emergenciais e que eles não conseguiriam cumprir requisitos para dar o alívio necessário à rede. Foi detectado por eles um déficit de carga reativo de quase 500 MVA, que se fosse corrigido melhoraria a situação da rede no curto prazo e a falta de capacidade do sistema. A velocidade de redução desse déficit. “Não estamos com visibilidade no curto prazo de como a Enel vai resolver esses problemas. Já estamos no último nível de reclamação”, aponta o secretário.
Em entrevista à Agência CanalEnergia em fevereiro, o Country Manager da Enel no Brasil, Nicola Cotugno, anunciou que os investimentos da Enel GO em 2019 ficariam em torno de R$ 800 milhões. Na ocasião, ele lembrou que esse valor era duas vezes maior que da época da Eletrobras e quatro vezes maior que quando ela era do governo do estado. Ele ressaltou que a concessionária saiu de DEC de 32 horas para 26 horas de duração de interrupção, o melhor índice desde dezembro de 2011. Já na frequência das interrupções, o número de 2018 era o mais baixo da história do estado desde que ele começou a ser aferido pela Aneel, o que sinalizava um caminho positivo. Em 2018, o DEC apurado ficou em 26,61 de um limite de 13,69 e o FEC em 15,03, contra um limite de 11,03.
Lima prega respeito aos contratos e diz não ser a intenção do estado rompê-los, mas descreve a situação como insustentável, o que motivaria a medida extrema. Muitas esferas do governo já estariam cientes da situação. “Alternativas mais drásticas serão tomadas dentro daquilo que a regulação permite “, aponta.
O pedido para a saída da empresa da concessão do estado não é a primeira polêmica que envolve Ronaldo Caiado com a distribuidora de energia no estado. Quando era senador, se envolveu em uma forte discussão com o então ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga por causa da situação da Celg-D. ‘Safado’ e ‘bandido’ foram alguns dos impropérios que ele desferiu ao ex-ministro em audiência no Senado.
Logo após a sua eleição para governador, ele promulgou lei alterando o Fundo de Aporte à Celg Distribuição, fazendo com que a Enel tenha que arcar com um passivo que não estava previsto. O Funac estava previsto no edital de privatização. A empresa conseguiu liminar restabelecendo a situação original. Após a reunião com o ministro essa semana, ele postou em sua rede social: “Em reunião com o general Ramos, ministro da Secretaria de Governo de Bolsonaro, debatemos soluções para a crise energética proporcionada pelo péssimo serviço da Enel em Goiás. Ramos disse que o Governo Federal tomará medidas enérgicas caso o problema não seja solucionado.”
Em resposta aos questionamentos da reportagem, a Enel informou que não recebeu nenhuma notificação oficial do Governo Federal em relação à concessão de sua distribuidora em Goiás. Segundo a empresa, desde que assumiu o controle da distribuidora, a Enel Distribuição Goiás tem investido 3,5 vezes mais do que os níveis históricos anteriores à privatização, com melhorias significativas nos índices de qualidade medidos pela Aneel. Desde então, o DEC e o FEC melhoraram 21% e 39%, respectivamente, melhores índices históricos da companhia. A companhia promete continuar investindo na expansão da capacidade de energia e na modernização da rede elétrica para melhorar a qualidade do serviço em Goiás.
Ela alega estar implementando, dentro do prazo previsto, todas as ações de melhoria apresentadas pela empresa à Aneel. Além disso, de fevereiro a junho deste ano, o volume de reclamações mensais na ouvidoria da agência já diminuiu 62%. A Enel diz ainda que como resultado desse plano de investimento, ela recentemente foi premiada, pelo segundo ano consecutivo, como melhor distribuidora na categoria Evolução do Desempenho da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica.