O Brasil chegou a marca de 18,5 GW de capacidade instalada de cogeração em operação comercial no mês de julho, com a biomassa da cana-de-açúcar representando 62% de todo segmento, enquanto o gás natural aparece com 17% da fatia, seguido pelo licor negro, que totaliza 14%. Outros combustíveis completam o quadro. Os dados fazem parte do levantamento mensal produzido pela Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen), através do DataCogen.

O único projeto adicionado no mês foi de cogeração a partir do biogás de resíduos sólidos, em Seropédica (RJ), resultando em um acréscimo de 18 MW. O incremento total no ano foi de 142,2 MW, 75 MW em ampliações de capacidade instalada e outros de 67,2 MW. Em 2018, o incremento total foi de 215,5 MW.

Segundo o presidente da Cogen, Newton Duarte, o setor sucroalcooleiro pode ter um incremento caso o Ministério de Minas e Energia acolha a proposta que a Associação apresentou para alterar o texto da portaria 564/2014, possibilitando que uma ampliação de garantia física declarada passe a valer de imediato, nesse primeiro ano, pelas usinas que tiveram ganho de eficiência ou que tenham capacidade de comprar bagaço adicional de cana.

A proposta foi apresentada em maio pela Cogen em conjunto com a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) e Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel). A estimativa é que a alteração na portaria poderia impulsionar a geração de bioeletricidade em até 10% no período da safra – de abril a novembro – contribuindo para a poupança de aproximadamente dois pontos percentuais dos reservatórios das hidrelétricas no Sudeste/Centro-Oeste durante a temporada mais seca.

“Esse mecanismo já foi utilizado anteriormente e a Aneel e a CCEE veem essa proposta com naturalidade. Hoje, com a judicialização do GSF, não há nenhum sentido econômico que as usinas invistam, por exemplo, em comprar adicionais de bagaço de cana para gerar além da garantia física, uma vez que elas precisam vender o excedente pelo Preço de Liquidação de Diferenças (PLD) e não vêm recebendo esses valores”, comenta o Presidente da Cogen, afirmando que a ampliação da Garantia Física faria essa energia ser negociada no mercado livre e monetizada de imediato.