Quatro em cada cinco consumidores residenciais do país querem ter o direito de escolher a empresa fornecedora de energia elétrica, segundo aponta a sexta edição da “Pesquisa de Opinião Pública: Energia Elétrica” promovida pela Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia em parceria com o Ibope Inteligência. Divulgada nesta segunda-feira (12), o levantamento de 2019 mostra que o interesse na portabilidade do provedor do serviço alcança 79% entre as pessoas entrevistadas – dez pontos percentuais acima do verificado na pesquisa lançada no ano passado.
A pesquisa detalha que, dentro do universo de clientes interessados no direito à portabilidade, 68% deles fariam a troca de fornecedor para obter preços mais baixos nas suas contas de luz. O dado reflete um ponto de preocupação explicitado na nova edição da pesquisa Abraceel/Ibope: o alto custo com energia elétrica para grande parte da população brasileira. A faixa de entrevistados que considera o preço final da eletricidade “caro ou muito caro”, de acordo com a pesquisa, chega a 87%, ou quatro pontos percentuais a mais se comparada à percepção do ano anterior.
Dentre os entrevistados que acham o custo final com energia elétrica excessivamente caro nos seus orçamentos domésticos, 65% do total disseram que o principal vilão do alto preço da eletricidade no país está no excesso de impostos e de taxas nas faturas mensais, percentual bem acima do segundo principal motivo apontado – a falta de concorrência no mercado a partir da obrigação de estar vinculado a um único fornecedor, com 12%. O custo elevado no final do mês foi apontado por 64% dos entrevistados como o principal motivador para economia no uso de luz elétrica nas residências.
“Cresceu a percepção de que, com a abertura do mercado, o preço da energia tende a diminuir”, afirma a diretora de Contas do Ibope Inteligência, Patricia Pavanelli. Outro ponto destacado na pesquisa deste ano está no interesse cada vez maior da população na autogerarão renovável. O índice dos que gostariam de produzir energia nas suas próprias casas chegou a 93% em 2019, contra 89% nos dois anos anteriores. Esse universo é composto por pessoas com ensino superior (98%), com renda mensal acima de cinco salários mínimos (97%) e com faixa etária de 25 a 34 anos (97%).
Foco no consumidor
Na avaliação do presidente da Abraceel, Reginaldo Medeiros, os dados são relevantes na medida em que expõe uma visão sobre além do universo das concessionárias. “Geralmente o setor elétrico tem um olhar muito voltado a si mesmo. Uma pesquisa ampla como essa com foco no consumidor, que no final é quem paga a conta, mostra o que pode e deve ser aprimorado na nossa indústria”, avalia o executivo, que apresentou o estudo na sede da Fiesp, em São Paulo, ao lado do diretor-geral da Aneel, André Pepitone, e do secretário de Energia Elétrica do MME, Ricardo Cyrino.
O levantamento foi realizado pelo instituto Ibope Inteligência entre os dias 23 e 27 de maio deste ano, tendo como base os dados mais recentes colhidos pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) e pelo Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foram ouvidas 2.002 pessoas em todas as regiões do país. Segundo o Ibope Inteligência, os dados podem ser projetados para o total da população com 16 anos ou mais. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, enquanto o intervalo de confiança alcança os 95%. Veja a pesquisa aqui.