O novo mercado de gás que está se desenhando deve ser desenvolvido sem o auxílio de subsídios, encargos ou reservas de mercado que acabem no futuro afetando a sua competitividade. De acordo com o presidente da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores Livres, Paulo Pedrosa, esse novo mercado não deve ser como o setor elétrico, em que bem mais da metade do que o consumidor paga não é geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. “É bom que o setor de gás comece ‘limpinho’, para entender que o seu objeto é dar gás barato não por mágica, mas por mérito, para aumentar o desenvolvimento e a geração de emprego”, explica Pedrosa, que participou de debate nesta quarta-feira, 14 de agosto, de painel no seminário de Gás Natural, no Rio de Janeiro (RJ).
O presidente da Abrace conta que a associação rechaçou a ideia aventada na formulação do novo mercado de criar leilões compulsórios para viabilizar o mercado de gás e com isso ele se desenvolver. “Fomos contra, se o gás for barato, a energia elétrica produzida com o gás será barata e vencerá os leilões”, aponta. Pedrosa acredita que poderia ter havido uma participação maior da Agência Nacional de Energia Elétrica, já que houve uma intensa participação da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica na elaboração do Novo Mercado de Gás. “É importante trazer a Aneel mais para o centro porque a interface do setor elétrico com o setor de gás é fundamental e a Aneel tem que estar junto com a ANP na discussão”, revela.
No painel, Pedrosa classificou o momento como sendo permeado por várias oportunidades que o gás estava proporcionando. Ele pode auxiliar na retomada da indústria, que há vários anos não cresce. Para ele, o tempo de execução dos projetos de gás não é impeditivo para o consumidor industrial. Segundo ele, o tempo de implantação de uma fábrica – que envolveria além de aspectos como compra de terreno, licenciamento ambiental e financiamento, a estruturação do negócio em si – casaria com o prazo de fornecimento em um contrato de gás, que por sua vez envolveria etapas como a construção de gasoduto de escoamento e da conexão de fábrica com a rede. “Se estamos falando da grande quantidade do gás do pré-sal que vai chegar daqui a quatro anos, já estamos até atrasados para tomar essas decisões”, aponta.