A Eneva registrou no segundo trimestre do ano forte queda no lucro líquido, de 92,3%. O resultado líquido da geradora passou de R$ 206,1 milhões em 2018 para R$ 15,8 milhões em 2019, impactado diretamente pela aquisição de 100% das ações da Pecém II Participações em abril de 2018. Com a operação, explica a empresa, os resultados de Pecém II deixaram de ser contabilizados via equivalência patrimonial e passaram a ser consolidados. Excluindo esse e outros ajustes não-recorrentes, o resultado líquido da geradora no último no trimestre caiu 3,9%, de R$ 20,3 milhões em 2018 para R$ 19,5 milhões este ano.
De acordo com os resultados financeiros divulgados pela empresa na noite da última quarta-feira (15), o ebitda sofreu uma redução de 16% na comparação trimestral, totalizando R$ 295,7 milhões no período abril-junho deste ano, enquanto a relação dívida líquida/ebitda ficou em 2,7 vezes. Por outro lado, o fluxo de caixa operacional aumentou em 29,7% na base de comparação atinge R$ 306,8 milhões no segundo trimestre de 2019. A posição de caixa total da companhia no três meses de referência ficou em R$ 1,6 bilhão, representando uma alta significativa de cerca de 138% frente ao mesmo período de 2018.
No corte por área de atuação, a receita operacional líquida do segmento de geração térmica a gás natural totalizou R$ 288,7 milhões no segundo trimestre de 2019, uma redução de 26% em relação aos mesmos meses do ano anterior. A rubrica engloba a receita bruta fixa de de R$ 310,6 milhões relativa a contratos de compra e venda de energia no mercado regulado, além da receita bruta variável contratual (CVU) no valor de R$ 6,2 milhões – receita esta referente apenas à geração de abril e maio na usina Parnaíba II, a única das quatro termelétricas que integram o Complexo Parnaíba que foi acionada neste trimestre.
Geração de eletricidade
Considerando o despacho da UTE Parnaíba II e acionamentos pontuais das outras unidades para testes, a geração líquida de eletricidade do parque térmico a gás da Eneva totalizou, entre abril e junho, 338 GWh, com um despacho médio ponderado de 12%. Os números são inferiores aos do mesmo período do ano passado, quando a geração líquida do Complexo foi de 788 GWh, com um despacho médio de 29%. No caso apenas de Parnaíba II, a geração líquida no trimestre ficou em 332 GWh, com disponibilidade média de 99% e despacho médio de 32%. A operação da usina se concentrou basicamente no mês de junho.
Na produção de energia a carvão, a UTE Pecém II registrou geração líquida trimestral de 289 GWh com despacho médio de 43% – abaixo da geração líquida do mesmo trimestre do ano passado, de 338 GWh, e despacho médio de 48%. Da geração líquida total da usina, 279 GWh foram destinados à Recomposição de Reserva Operativa ao longo de quase 50 dias, com receita variável unitária média equivalente a 130% do CVU da planta. A disponibilidade média de Pecém II foi de 96%, acima do compromisso contratual de 95%. A termelétrica de Itaqui não foi despachada no segundo trimestre de 2019.
Investimentos e dívida
Os investimentos da Eneva no segundo trimestre mais que dobraram frente aos R$ 90 milhões aplicados nos três primeiros meses de 2019, chegando a R$ 190 milhões. Grande parte desse aumento se deveu a dois projetos específicos: a construção da térmica Parnaíba V e a viabilização do Complexo Azulão-Jaguatirica, composto por um campo de gás, um gasoduto e uma térmica na região Norte. Ambos consumiram, entre abril e junho, R$ 129 milhões, ou 68% do total. De janeiro a junho, a quinta usina do parque de geração em Parnaíba (PI) consumiu R$ 117 milhões em ações de obras civis e instalação de canteiros.
O endividamento segue em queda, conforme destacou em teleconferência o diretor Financeiro e de RI, Marcelo Habibe. A dívida líquida no segundo trimestre de 2019 somava R$ 3,9 bilhões, contra R$ 4,4 bilhões contabilizados em 2018. O cronograma de amortização no curto prazo prevê pagamentos abaixo da atual posição de caixa de R$ 1,622 bilhão. A dívida a ser quitada neste ano soma R$ 183 milhões, passando a R$ 405 milhões em 2020. Em junho a empresa concluiu financiamento para a construção de Parnaíba V, com a emissão de R$ 500 milhões em debêntures e a captação de R$ 843 milhões junto ao BNB.