O sistema de transmissão da usina de Itaipu utilizado como fonte alternativa externa para os serviços auxiliares de 60Hz da Subestação Foz do Iguaçu, de Furnas, foi integralmente transferido para dutos subterrâneos. A nova linha de transmissão possui aproximadamente 12 Km de extensão e entrou em operação na semana passada. A companhia informou que os 52 postes e o cabeamento aéreo antigo ainda serão removidos.

A instalação da nova LT levou sete meses para ser concluída e envolveu todas as superintendências da Diretoria Técnica – Operação, Obras, Manutenção e Engenharia. O gerente do Departamento de Operação do Sistema de Itaipu, José Benedito Mota Júnior, explica que a linha está ativa desde 1986 e funciona como um nobreak para os serviços auxiliares de Furnas, que incluem a alimentação para painéis, para o sistema de refrigeração dos transformadores, para iluminação, entre outros serviços.

A partir de 2011, por determinação do Operador Nacional do Sistema (ONS), a linha também passou a integrar a estratégia de recomposição do sistema de transmissão em 765 kV – que leva a energia de Itaipu para os centros de consumo da região Sudeste. “Essa linha de 13,8 kV ganhou uma importância maior, devido a essa determinação do ONS, para recomposição mais rápida do sistema de 765 KV em caso de desligamento geral da ST-FI 60Hz (a subestação) e do tronco de 765kV. Por isso, é necessário que ela esteja em operação e com alta disponibilidade”, afirma Mota.

Foi exatamente para elevar a disponibilidade que a Superintendência de Operação solicitou, em 2013, um estudo para a Superintendência de Engenharia. O supervisor de Operação da Usina, Marcos Isnardi Peres, da Divisão de Operação da Usina e Subestações da binacional, observa que a linha aérea passa por dentro do Refúgio Biológico Bela Vista e sofria desligamentos frequentes, provocados por quedas de galhos, contato de animais e condições atmosféricas adversas. A indisponibilidade programada também era maior. Um exemplo é a necessidade de manejo constante da vegetação no entorno dos postes. “Se compararmos com outras linhas de Itaipu, essa que passa por dentro do Refúgio tinha uma frequência de desligamentos muito superior”, indica.

Solução subterrânea

A Superintendência de Engenharia analisou as opções e indicou o enterramento da linha aérea como solução mais adequada. O engenheiro Jacson Regis Arnhold, da Divisão de Engenharia Eletromecânica, lembra que já havia dutos instalados até a região do Refúgio Biológico e, portanto, mais de 80% da infraestrutura estava pronta. “Isso facilitou a nossa decisão. Além do mais, a rede subterrânea tem uma série de vantagens em relação a uma rede compacta, outra opção avaliada”, diz. Entre as vantagens estão maior segurança, por não haver cabos expostos, manutenção com menor frequência, menor impacto ao meio ambiente com inexistência de faixas de passagens, maior confiabilidade e menor exposição a interferências externas como descargas atmosféricas, galhos e animais na rede, entre outros.

A primeira fase do projeto foi a instalação foi construir o trecho final de dutos do Refúgio Biológico até Furnas. A estrutura é de Polietileno de Alta Densidade (PEAD), acomodada em valas de 60 centímetros de profundidade. Para melhor distribuir o calor dos cabos, foi colocada areia em cima e embaixo dos dutos, uma camada de concreto de cinco centímetros para proteção mecânica, terra compactada, fita de sinalização e grama.

O gerente da Divisão de Montagem Eletromecânica, Josias Aguera da Costa, observa que nos dutos antigos já haviam cabos energizados, o que demandou um cuidado maior na execução do serviço e o envolvimento da Segurança do Trabalho. A execução ocorreu paralelamente à modernização do pátio de Furnas, o que também exigiu uma coordenação maior entre as empresas. A parte final do trabalho foi lançar os cabos. A equipe aproveitou para instalar cabos de fibra óptica, para atuar como redundância de teleproteção das linhas de transmissão de 500 kV.

Por fim, foi feito o comissionamento, com a Superintendência de Manutenção realizando os ensaios finais antes de energizar a linha. “Verificamos todas as condições de infraestrutura, a integridade do equipamento em si (o cabo), a conferência da sinalização, do faseamento, entre outros serviços. Trata-se de um check-up geral antes de energizar a linha”, explica o engenheiro Gilberto Massanobu Yamamura, da Divisão de Engenharia de Manutenção Elétrica. Ele afirmou que o projeto e a obra foram muito bem executados, sem a ocorrência de nenhum problema para conclusão do comissionamento.

José Benedito Mota Júnior destaca que a entrada em operação da rede subterrânea garante maior confiabilidade e disponibilidade ao sistema, com desempenho compatível com o novo grau de importância estabelecido pelo ONS. A expectativa agora é que os desligamentos programados e não programados ocorram numa frequência muito menor. O gerente acrescenta que o trabalho só foi possível graças à integração de todas as áreas da Diretoria Técnica e também entre diretorias e empresas. “Trata-se de apenas uma linha, mas há muitos detalhes envolvidos. Se uma área não executa um serviço, interrompe o fluxo de trabalho. E tudo funcionou perfeitamente”, elogiou.