A palavra chave para o preço horário é portfólio. Foi assim que Luiz Barroso, CEO da consultoria PSR, classificou como a saída para os geradores mitigarem os impactos que o preço horário trará quando estiver em vigor comercialmente. Com a maior granularidade dos preços, aumentam as preocupações em relação ao risco e, por isso, ter um portfólio de geração pode ajudar a reduzir impactos para as geradoras.
Ao mesmo tempo, o preço abrirá novas oportunidades de negócios com a possível introdução de novos produtos no mercado, principalmente com as comercializadoras. Isso em função da necessidade de que sejam disponibilizados contratos com mais flexibilidade, a negociação com a modulação. Esses formatos levam à necessidade de que se forme esse portfólio de geração com fontes diferenciadas, disse ele em webnário promovido pela Comerc nesta segunda-feira, 26 de agosto.
“Se um gerador que estiver contratado produzir na hora errada tem um risco e isso vai provocar uma motivação a mais para que este passe a conversar com outros geradores ou até comercializadoras. Portfólio é a palavra-chave”, ressaltou o executivo. “Outro ponto que será necessário discutir é a política de risco das comercializadoras, antes era no ambiente semanal, agora com o preço horário essa dinâmica muda”, acrescentou.
Para a presidente da MegaWhat, Ana Petit, em função de não se ter conhecimento dos efeitos reais dessa mudança a partir de 2021 em termos comerciais é importante para o setor elétrico ter um ano a mais para a implantação da medida em 2021 apenas. “Foi uma decisão acertada”, avaliou a executiva durante a transmissão.
Segundo ela, os contratos a partir de 2021 passarão a ter maior importância em itens que já existem nos acordos. Destaque para as cláusulas de determinam a modulação da carga no hora a hora. Atualmente, por conta do patamar de preços semanais, não há tanta diferença nos preços e que por isso não são precificados. Com o preço horário essa questão tende a mudar.
Barroso lembrou que o preço horário ajuda a traduzir essa modulação de carga ao longo do dia. Contudo, ele acredita que a variação de preços não deverá ser muito elevada. Isso decorre pela participação das UHEs na matriz elétrica nacional, aliás esse fator que acabou sendo um dos motivos que ajudaram no adiamento da adoção do preço horário no país cerca de 20 anos atrás. E lembra que a discussão sobre os novos limites do PLD, em discussão na Aneel é um ponto importante nessa questão.
“Não deixamos de ser um país hidrelétrico, por isso, com reservatórios mais ou menos cheios os preços não deverão ter muitas alterações porque a UHE é capaz de oferecer essa flexibilidade. Agora, com reservatórios mais baixos o sistema pode ficar mais ‘nervoso’ e na região Nordeste onde há maior presença de fontes renováveis mais intermitentes e térmicas criam uma combinação ainda mais ‘nervosa’, mas são diversos os fatores a analisar, inclusive não podemos deixar de mencionar o comportamento da demanda. A variação dependerá muito da fotografia de um momento”, ressaltou ele.
De uma forma geral, avaliou o presidente da PSR, a indicação de uma data para adoção do preço horário é positiva e traz mais transparência para a operação. E disse que espera que não seja um horizonte de tempo adicional para que chegue próximo a 2021 e a sua introdução seja adiada novamente.