O leilão A-6 de energia nova, que será realizado no próximo mês de outubro, será um sinalizador do preço futuro de gás, já sob os reflexos da liberalização do mercado. De acordo com o economista e professor Carlos Langoni, ele também será um tipo de prévia de projetos industriais grandes que vão apresentar seus planos. Segundo ele, o gás vai viabilizar a geração contínua de térmicas a custo competitivo e o leilão vai permitir o aparecimento de contratos de gás de longo prazo. “Essa térmica de base vai ser o teste efetivo dessa nova formação de preço, vai ser uma próxi para o preço cobrado para a indústria”, afirmou Langoni, que participou de painel no Enase Gás, realizado nesta quarta-feira, 28 de agosto no Rio de Janeiro (RJ).
Ainda de acordo com Langoni, uma série de eventos vai fazer com que aumente a oferta de gás para o país, do gás da Bolívia até a chance de uso da reserva de Vaca Muerta, na Argentina, passando pelo pré-sal. Isso também vai levar a queda no preço. Ele pede atenção para que o país não perca esse momento de conjuntura favorável. O papel da ANP deve ser reforçado, para que ela execute a sua função com mais eficiência. “Ela tem que ter mais técnicos e pessoal para que faça a sua parte com mais eficiência”, avisa.
A oferta de gás desse leilão já vai contar com novos atores que poderão ter acesso aos dutos de transporte. O certame teve 52 projetos inscritos, que somam 41,7 GW.
No mesmo painel, o CEO da Associação Brasileira da Indústria de Vidro, Lucien Belmont, elogiou a disposição de MME, Cade e ANP na elaboração do novo mercado. Segundo ele, os agentes têm pressa para que o custo do gás caia e a indústria possa se fortalecer e retomar a intensidade da produção. Ele faz uma analogia com a figura bíblica de Moisés, que rumou para a Terra prometida em uma jornada que durou anos e passou por várias gerações. “Não quero ser da geração da indústria morta. Para vários setores, o custo do gás é mortal”, avisa.