O governo federal estima uma ampliação da malha de gasodutos terrestres do país em cerca de 1,7 mil quilômetros ao longo dos próximos anos, com a necessidade de investimentos da ordem de R$ 17 bilhões. Com isso, a rede nacional de transporte de gás natural aumentaria em aproximadamente 20%, passando dos atuais 9,4 mil quilômetros para 11,1 mil quilômetros. A expansão passaria tanto pela construção de novas rotas, pela ampliação de trechos já existentes e também pela interligação de novos terminais de processamento do combustível.

Os números estão na primeira edição do Plano Indicativo de Gasodutos de Transporte (PIG), divulgado pela Empresa de Pesquisa Energética – responsável pela elaboração do trabalho – nesta quinta-feira, 5 de setembro, durante o Rio Pipeline, realizado no Rio de Janeiro. O novo Plano, instituído por decreto em 2018, substitui o antigo Pemat, que era realizado pela EPE desde 2010 e cujo caráter era mais determinativo. Por ser apenas indicativo, o PIG sugere as alternativas de ampliação da malha a partir das projeções de aumento de demanda local e nacional.

Ao todos são 11 alternativas incluídas na estimativa de ampliação, sendo três novos projetos de construção ou ampliação de gasodutos e oito interligações de novas ofertas à malha. Conforme antecipado pelo Grupo CanalEnergia / Informa Markets no último dia 29 de agosto durante o Enase Gás, o PIG prevê a duplicação do gasoduto Brasil – Bolívia entre Siderópolis (SC) e Porto Alegre (RS), a conclusão do trecho 2 do gasoduto de Uruguaiana à capital gaúcha e a construção do gasoduto Brasil-Central, que interligará as cidades de São Carlos (SP) e Brasília (DF).

A construção e a ampliação somente dessas três rotas, com vazão total prevista de 24,5 milhões de metros cúbicos por dia, totalizariam investimentos de cerca de R$ 13,5 bilhões. Orçado em R$ 7,1 bilhões, o gasoduto Brasil-Central já está autorizado. Com extensão de 905 quilômetros, o projeto do duto atravessa regiões com forte atividade econômica ligada ao agronegócio, como as de Ribeirão Preto (SP), Triângulo Mineiro (MG) e Goiânia (GO). As demandas-âncora dos três empreendimentos viriam de plantas de fertilizantes próximas às cidades de destino.

Interligações com UPGNs e terminais de GNL

O PIG prevê ainda uma série de projetos visando interligar novas ofertas de gás nacional ou importado à malha de transporte já em operação. Essas conexões estão associadas, por exemplo, a duas novas Unidades de Processamentos do Gás Natural, uma em Cubatão (SP) e outra em Itaguaí (RJ). Ambas as UPGNs estão associadas à duas novas rotas de escoamento de gás do pré-sal – as Rotas 4 e 5. A interligação da UPGN de Cubatão iria até o gasoduto Santos – São Paulo, enquanto a de Itaguaí teria como destino o gasoduto Campinas -Rio de Janeiro.

O novo plano de gasodutos do governo contempla também interligações da malha atual com novos terminais de regaseificação de GNL, sendo dois deles nas baías de Imbituba e Babitonga, ambas em Santa Catarina e com conexão até o trecho Sul do gasoduto Brasil – Bolívia. O PIG inclui ainda interligações da rede de transporte atual a novos terminais de GNL ou UPGNs previstos para o Porto do Açu (RJ), Porto Central (ES) e Barra dos Coqueiros (SE). Há ainda um gasoduto associado à gaseificação de carvão na Mina Guaíba, no Rio Grande do Sul.

O PIG começou a ser elaborado pela EPE em janeiro deste ano. Ao longo desses nove meses, a estatal manteve reuniões com o Ministério de Minas e Energia e com a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, além de promover workshops com representantes de empresas transportadoras de gás. Segundo o diretor de Petróleo e Gás da EPE, José Mauro Coelho, o trabalho visa subsidiar a criação de um sistema de transporte de gás natural no Brasil, capaz de absorver o aumento da oferta prevista de para a próxima década.