O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, disse durante discurso na 63ª Conferência Geral da Agência Internacional de Energia Atômica, em Viena, que o Brasil tem se movido em múltiplas frentes na área nuclear, e a entrada em operação de Angra 3 em 2026 é uma delas. Segundo Albuquerque, a conclusão da usina “é fundamental para garantir a segurança do abastecimento de uma rede elétrica de dimensões continentais e que deverá se expandir de acordo com uma economia dinâmica em crescimento.”
Ele afirmou aos participantes da conferência da AIEA que o país vai continuar a investir em energia nuclear, aproveitando sua posição privilegiada com parte de um grupo seleto de países com grandes reservas de urânio e domínio do ciclo do combustível. Uma das frentes em que o país tem avançado é o projeto de construção do Reator Nuclear Multiuso Brasileiro, que “ permitirá ao Brasil atender às necessidades nacionais de radioisótopos e radiofármacos, bem como aumentar a capacidade de pesquisa em técnicas nucleares”.
Há também um trabalho de melhoria da governança do setor, com o desenho de um novo modelo para a exploração do urânio. Albuquerque explicou que estão sendo tomadas medidas para melhorar a gestão dos processos e reforçar o controle, a supervisão e a responsabilização das atividades do ciclo do combustível nuclear. “Vislumbramos um novo modelo de negócios para a mineração de urânio e a gestão de rejeitos de mineração, incluindo parcerias público-privadas. O Brasil espera tornar-se um importante fornecedor para o mercado internacional de combustíveis.”
Esse processo exige medidas de reparação ambiental e social atualizadas e altos padrões de segurança e proteção nuclear, com os quais o governo brasileiro está comprometido, disse. “Estamos lidando frontalmente com o desafio de melhorar nossos controles internos, segregando as atividades regulatórias das atividades de pesquisa e desenvolvimento.”
Primeiro ministro brasileiro a participar, em 29 anos, da Conferência Geral da AIEA, Albuquerque destacou ainda que o “Brasil tem um modelo de geração de energia altamente amigável ao meio ambiente e planejamos mantê-lo dessa forma.” E completou dizendo que a Conferência de Mudança Climática “será uma excelente oportunidade para mostrar como a energia nuclear pode contribuir para a proteção ambiental.”
O ministro também falou da parceria estratégica entre Brasil e Argentina na área nuclear. Os dois países desenvolvem projetos complementares para o desenvolvimento de Pequenos Reatores Modulares, e montaram estande conjunto no local do evento.