Os investimentos em energia elétrica deverão cair nos próximos dois anos no Brasil, como reflexo da interrupção dos leilões de expansão no período de abril de 2016 a dezembro de 2017 e do baixo volume de contratações após a retomada das licitações desde o ano passado. A análise é do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e consta do relatório “Perspectivas do Investimento 2019-2022”, que mapeia os planos quanto a injeção de recursos no próximo quadriênio em segmentos dos setores da indústria e de infraestrutura no país. No geral, o banco projeta um total de R$ 1,082 trilhão investido na economia brasileira nos quatro anos analisados.
No caso do setor elétrico, o banco aponta uma soma de R$ 157,3 bilhões em investimentos de 2019 a 2022, média de R$ 39,3 bilhões por ano no período. A queda dos recursos em subsetores como geração, transmissão e distribuição vem desde o ano passado, quando foram investidos R$ 49,6 bilhões no setor – queda de 22,5% frente aos R$ 64 bilhões aportados na indústria de eletricidade do país em 2017. Para 2019, a previsão é de uma redução de 11% frente ao ano passado, com investimentos de R$ 44,1 bilhões. Em 2020 e 2021, o estudo prevê quedas ainda maiores nos volumes aplicados no setor, chegando a R$ 37,2 bilhões e R$ 33,8 bilhões, respectivamente.
“Por conta da defasagem de três a quatro anos entre as datas dos leilões de energia e os investimentos associados, a retomada desses processos a partir de 2018 irá impactar as inversões de forma mais expressiva a partir de 2022 e, sobretudo, de 2023”, explica o BNDES no relatório. O estudo mostra uma retomada do crescimento do aporte de recursos no setor elétrico brasileiro apenas em 2022, quando são esperados R$ 42,3 bilhões em investimentos – um salto de 25% frente a 2021. A projeção do banco é que os investimentos atinjam R$ 51,7 bilhões em 2023. Como comparação, o setor elétrico brasileiro recebeu em 2012 investimentos totais de R$ 73,9 bilhões.
Dos 19 setores pesquisados, 11 são da indústria e oito de infraestrutura. Neste, além da retração em energia elétrica até 2021, com retomada partir de 2022, o banco projeta aumento na injeção de recursos nas áreas de logística e saneamento, cujas médias anuais entre 2019 e 2022 serão de R$ 39,8 bilhões e R$ 13,9 bilhões, respectivamente. Já na indústria, a expansão dos investimentos está atrelada ao desempenho na área de petróleo e gás, impulsionado pela recuperação do preço do petróleo e pelos leilões de blocos exploratórios de 2017 e 2018. O segmento terá uma média de R$ 77 bilhões por ano em investimentos de 2019 a 2022, segundo o estudo do BNDES.