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A AES Tietê está próxima de finalizar o projeto enquadrado nas regras de P&D da Aneel para o desenvolvimento de um algoritmo de olho na criação do que se chama de Virtual Power Plant (VPP). O investimento nessa ação somou R$ 3 milhões e coloca no radar da empresa um mercado potencial que soma em volume de energia já mapeado de 6,9 mil MW médios, o que equivale a mais de 10% da previsão da carga do país para esse ano segundo a 2ª revisão quadrimestral de 2019. Em valores o mercado é estimado em R$ 4,8 bilhões.

De acordo com a coordenadora de P&D e Inovação da AES Tietê Energia, Júlia Rodrigues, o projeto começou a ser estudado em 2016, mas foi formalmente estabelecido em 2017 pelo P&D da agência reguladora. A previsão de término é no final deste ano. Ela explica que o valor relativamente baixo do aporte deve-se ao fato de que os maiores custos ficaram com o desenvolvimento de software para a criação do algoritmo de gerenciamento de ativos.

“Estamos em fase final de teste com três clientes reais e que deve terminar ao final de outubro, obtendo dados reais, aí vamos realizar a validação desses resultados”, comentou ela. “Essa aplicação em clientes foi uma parte importante do ponto de vista estratégico pois foi possível termos insights desses consumidores, verificando que a ferramenta tem o potencial para otimização do comercializador varejista”, apontou.

Júlia disse que não há obstáculos regulatórios que impeçam a implantação dessa ferramenta nos consumidores. Contudo, admite que a adoção de uma regra para a remuneração do cliente pela resposta da demanda ajudaria a potencializar o ganho para a unidade que utiliza o sistema. Aliás, recentemente o presidente da empresa, Ítalo Freitas, voltou a defender que a modernização do setor contemple a introdução da VPP nas regras.

A VPP é um conceito consolidado em outros mercados. No Brasil ainda não há essa figura. Consiste no agregar de cargas de diferentes consumidores com geração por meio de equipamentos de menor porte no chamado ‘behind the meter’, ou atrás do medidor, e que o ONS não consegue visualizar. Com a VPP, explicou, a empresa pode otimizar o uso desses ativos que ficam parados como backup de consumidores. Entre os benefícios está o de atuar na resposta da demanda, postergar investimentos e ajudar a compor a matriz ao usar ativos subutilizados.

De acordo com a AES Tietê, a operação é integrada com equipamentos, cargas, geração e dispositivos de armazenamento de energia, baseada em parâmetros definidos em conjunto com os clientes.

A ferramenta, explicou a coordenadora, é para ser utilizada em sua maior parte em ativos de geração despachável como, por exemplo, em prédios comerciais com capacidade de geração de energia por meio de gás natural ou diesel.  O algoritmo pode otimizar a curva de carga desses clientes e resultar em um ganho em questões de eficiência energética, citou. A remuneração da AES está nos serviços prestados nos consumidores, que podem vislumbrar o custo de energia mais baixo.

Os próximos passos, contou, vão no sentido de deixar a plataforma apta a ser operada e ter a ferramenta rodando na comercializadora varejista da própria AES. E ainda, com a validação dos resultados obtidos nos três clientes que estão em análise realizar a operação espelho na varejista enquanto uma alteração para a resposta da demanda não é adotada como o esperado pela empresa.

A coordenadora apontou que com o projeto de VPP, a AES Tietê pretende alavancar oportunidades para o mercado de energia brasileiro com foco nos consumidores no segmentos comercial e industrial, agentes do mercado livre, ONS e distribuidoras. O objetivo é obter benefício econômico para os diversos clientes dentro de uma VPP ao impulsionar e gerenciar recursos energéticos distribuídos como uma planta unificada, reduzindo o custo de operação e possibilitando possíveis trocas de excedentes de energia.

O uso na comercializadora varejista se justifica pelo fato de que essa figura tem autonomia de representar cliente sob esse guarda chuva. A meta da AES é a de estar entre os cinco maiores varejistas do mercado que ainda está em uma fase embrionária por aqui. “Quando começar o agregador de carga, pode se consolidar em quatro ou cinco anos, é o que vimos na experiência internacional”, finalizou.