A operação sombra que a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica realiza e referentes às simulações de agosto apresentou CMO negativo em quatro oportunidades. Já em setembro foram reportados outros cinco dias nessa condição dos dia 5 a 9 deste mês. Isso decorreu, principalmente, da geração eólica acima do limite máximo do circuito de escoamento. Esses dados foram apresentados em encontro da câmara com agentes para abordar o tema preço horário, na sede da instituição.
De acordo com o gerente de preços da CCEE, Rodrigo Sacchi, esse resultado foi visto como natural pelo momento do ano, onde a geração eólica começa a ganhar força. E que esse comportamento aparecer nesse momento faz parte do processo evolutivo do modelo Dessem. “Para capturar uma restrição ou gargalo em um ponto de rede é preciso ter essa modelagem. Assim o modelo pode indicar uma ação para contornar essa restrição de transmissão”, afirmou ele em entrevista à Agência CanalEnergia. “Agora estamos ajustando como o modelo, adequadamente, trata da situação”, acrescentou.
Uma das formas de contornar essa indicação é uma funcionalidade do modelo que aponta ao ONS o que deve fazer nessas situações para evitar o CMO negativo. Por exemplo recolher a geração eólica utilizando a representação de
constrained off. Esse tema inclusive é tema de uma audiência pública que está em curso na Agência Nacional de Energia Elétrica e que foi alvo de
reportagem que pode ser lida clicando aqui.
Na avaliação da conselheira Talita Porto esse ponto é normal ocorrer inclusive, os agentes sabem que isso acontece em outros países. “Eles não mostraram preocupação com esse ponto”, avaliou. Esse ponto acrescentou será tratado até a entrada em vigor do preço horário na CCEE, em janeiro de 2021.
Outro destaque da apresentação da CCEE foi a atualização dos limites das restrições de segurança. Essa, explicou Sacchi, é uma funcionalidade nova que foi implementada em janeiro e o ONS vem testando e que a CCEE passou a rodar sem a representação da rede elétrica. A câmara, explicou ele, alterou os limites dessas restrições e com isso foi verificada uma inconsistência nos resultados. O problema foi verificado em todos os dias desde 10 de setembro a 18 de setembro, dia do evento realizado pela CCEE.
“Já acionamos o Cepel que enviou nova versão que está em teste e já vamos passar a usar essa nova versão no processo sombra, será uma versão nova do Dessem”, explicou ele.
No geral, comentou Talita Porto, a análise de dados permite que dizer que a principal conclusão é que o modelo Dessem tem se comportado muito bem quando colocada a variação de carga, geração eólica no Nordeste e as térmicas. “Está reagindo dentro do que a gente esperava”, resumiu.
Sacchi acrescentou ainda que a tendência de comportamento que se observou no histórico desde abril do ano passado até agora é que em alguns meses do ano, naqueles em que há acoplamento energético entre todos os submercados não devemos ver diferença entre o preço horário do atual semanal por patamar. Isso, continuou ele, mostra consistência do preço horário. Naturalmente, disse ele, ao longo das horas do dia há variação em função da demanda.
“Já em alguns meses do ano em que se registra o desacoplamento, principalmente entre o Norte e Nordeste dos outros dois submercados, vemos que no Nordeste passa a ter um comportamento mais típico dele e dada a conjuntura atual, que não temos a recuperação da hidrologia do São Francisco no Nordeste o preço fica com comportamento parecido com o sistema térmico e o preço pode oscilar um pouco mais”, analisou.
Na apresentação, a CCEE apontou que entre as preocupações está a necessidade de eliminar eventuais variações abruptas e inesperadas do PLD, especialmente aquelas sem a devida justificativa relacionada a condição de operação do sistema. De acordo com a câmara, 49% das variações verificadas no PLD são ocasionadas pelas diferenças entre as afluências previstas e as verificadas.
O preço sombra está sendo calculado pela CCEE desde abril de 2018. Nesse período o modelo Dessem já contou com 49 versões diferentes.