Olá, esse é um conteúdo exclusivo destinado aos nossos assinantes
Cadastre-se GRATUITAMENTE ou faça seu LOGIN e tenha acesso:
Até 5 conteúdos
fechados por mês
Ficar por dentro dos cursos e
eventos do CanalEnergia
Receber nossas newsletters e
mantenha-se informado
sobre o setor de energia.
Notícias abertas CanalEnergia
ou
Já sou cadastrado,

O modelo de despacho de curtíssimo prazo Dessem tem potencial para reduzir o custo marginal da operação do Sistema Interligado Nacional (SIN), beneficiando todos os consumidores do país. A avaliação é do diretor de Operação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Sinval Zaidan Gama.

“Acho que pode e deve ter um custo marginal menor para o sistema, uma vez que uma programação otimizada busca isso”, disse o executivo, que falou com a Agência CanalEnergia durante a 9ª edição do Seminário Nacional de Operadores de Sistemas e de Instalações Elétricas (SENOP), em Florianópolis (SC), realizado nesta semana.

O evento busca debater as melhores práticas para a operação e a manutenção de ativos elétricos. Houve um painel dedicado para discutir a implementação do modelo Dessem, que entrará efetivamente a partir de janeiro de 2020. Segundo os participantes do evento, essa será a “grande transformação” que o setor elétrico vivenciará já próximo ano.

Gama explicou que os procedimentos estão todos definidos, faltando apenas algumas decisões regulatórias que devem sair no início de outubro. Segundo o executivo, até o final deste ano algumas melhorias deverão surgir. “Precisamos que a regulação fique pronta para que haja uma versão final do modelo”, contou o diretor.

Do ponto de vista comercial, o próximo ano será de simulações e testes, com o objetivo de dimensionar os efeitos comerciais nas transações entre os diversos agentes do setor elétrico. “A partir de agora todo mundo poderá fazer suas simulações com os dados diários da operação e a sociedade vai começar a ver isso”, destacou Gama. “Acredito que as palavras chaves do modelo Dessem são transparência e reprodutibilidade”, acrescentou.

O QUE MUDA?
O planejamento da operação do sistema elétrico utiliza atualmente dois modelos computacionais: um para médio prazo (Decomp) e outro para longo prazo (Newave). Esses modelos são alimentados com um conjunto de dados que envolvem disponibilidade dos ativos e restrições dos mesmos, incluindo a entrada de novos empreendimentos, seja de transmissão, seja de geração.

A partir do computo desses dados, os modelos geram um custo marginal para o sistema para um determinado período. Ao final de cada mês, o ONS publica a programação mensal de operação (PMO), com atualizações semanais desses dados. Os dados semanais são utilizados para formar o Preço de Liquidações das Diferenças (PLD), conceitualmente definido como o custo de oportunidade da energia. O PLD também é utilizado para liquidar as transações no mercado de curto prazo de energia, assim como serve de referência para operações no mercado livre.

Portanto, o Dessem é um modelo que complementar ao Decomp e o Newave. O Dessem não é novo, foi pensado para entrar em operação ainda meados dos anos 2000. Porém, só com a expansão das fontes intermitentes (eólica e solar) que o Dessem se tornou imprescindível para o Brasil, uma vez que a operação do sistema elétrico se tornou mais dinâmica.

Gama explicou que diariamente surgem alteração entre o que foi planejado pelo ONS no início de cada semana e o que foi executado ao longo desta. Porém, essas correções de rumos só impactam o Custo Marginal da Operação (CMO) uma vez por semana, nas revisões do PMO. No Informativo Preliminar Diário da Operação (IPDO) os agentes podem verificar as diferenças entre o que foi programado e o que foi executado pelo ONS. Porém, os agentes não tinham condições de reproduzir essa operação feita dia a dia. Com o modelo Dessem isso passará a ser possível, permitindo que os agentes ajustem suas estratégias.

Espera-se que com o Dessem a variação de custo de operação seja capturada diariamente e refletida nos preços da energia. O resultado esperado é uma eficiência operacional maior, o que pode resultar em custos menores para os agentes do mercado regulado e livre. Um efeito esperado, por exemplo, é uma usina que estava classificada como indisponível na sexta-feira, pode estar apta a operar na terça-feira seguinte, alterando completamente o CMO e o PLD.

“O que vai acontecer é que qualquer agente vai pegar o despacho que o ocorreu e vai tentar simular para ver se foi aquilo que realmente ocorreu. O Dessem vai dar reprodutibilidade e transparência. O agente poderá reproduzir o que foi executado pelo ONS para saber se essa foi mesmo a melhor decisão. Esse é o grande benefício do Dessem”, explicou Gama.

Benefícios esperados pelo ONS:
– Redução de assimetria de informações
– Transparência e reprodutibilidade pelos agentes
– Redução da ocorrência de geração fora da ordem de mérito
– Política de operação mais próxima à realidade do sistema elétrico
– Expectativa de redução de Encardo de Serviço do Sistema a partir de 2021
– Novos serviços
– Ganhos nos intercâmbios internacionais

*O repórter viajou a convite da Engie Brasil Energia