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Com atuação voltada para a fonte térmica, a Mercurio Partners está apostando no leilão A-4 de térmicas, que foi anunciado pelo governo no fim de agosto, para viabilizar a UTE Tacaimbó. O certame tem por objetivo substituir usinas térmicas mais caras cujos contratos estão vencendo. De acordo com o CEO da empresa, Alexandre Americano, esse empreendimento vai ser suprido por GNL da Golar, que também é a supridora da UTE Porto de Sergipe. “Estamos muito confiantes nesse próximo leilão de substituição de óleo por gás. Essa é a nossa aposta”, afirma.

O empreendimento, que tem duas fases de 263 MW e investimentos de R$ 750 milhões em cada uma, também está inscrito no próximo leilão A-6 que será realizado em outubro, mas Americano vê mais chances da viabilização da térmica nesse leilão diferenciado que o governo quer fazer. A baixa demanda aliada a fortes projetos de expansão de outros players vai segundo ele, intensificar a disputa no A-6. Há um desbalanceamento no sistema, o que pede uso de térmicas e traz força para o produto potência. “Vai precisar de alguém com energia firme e entrada rápida “, explica.

O GNL virá do Porto de Sergipe, usando a infraestrutura da Celse. Localizada na cidade de mesmo nome, a térmica ficará próxima da cidade de Bom Jardim, que é cortada pelo gasoduto da Copergás, a distribuidora local. Com isso, poderá haver uma alternativa de flexibilidade operacional. “Também podemos criar um modelo novo, em que se utiliza os cluster térmicos quando eles não estão despachando, para distribuir GNL para consumo veicular, industrial ou local pela rede da Copergás. A Mercurio Partners atua como Strategic Advisor da Golar.

A empresa vem participando das discussões do novo mercado de gás, uma vez que ela também auxilia na estruturação de projetos termelétricos com seu braço de serviços. Com profissionais egressos da Eneva ela contribuiu com audiências públicas e participa de debates. “Estamos trabalhando muito na assessoria regulatória e de posicionamento de mercado”, avisa Americano. Ele vê uma mistura de sentimentos no ânimo dos clientes, indo da excitação à cautela. Segundo americano, há questões que estão pouco claras que ainda precisam ser resolvidas, como o acesso ao tratamento da molécula, a remuneração do transportador, o posicionamento da Petrobras quanto as distribuidoras e o acesso a UPGN. “Isso tudo está endereçado dentro do mercado de gás, mas não está claro como vai ser na prática”, salienta.

A disputa judicial entre a distribuidora de gás sergipana Sergás e a Celse, que implanta e vai operar a UTE Porto de Sergipe, servirá de parâmetro para futuras disputas similares. “Vai ser um leading case para as demais distribuidoras”, aponta. Segundo ele, a Eneva enfrentou disputa parecida com a Gasmar, mas a geradora optou por um acordo em vez do litígio. Hoje com o novo mercado o cenário é diferente. A atual legislação sobre a distribuição de gás é de âmbito estadual. Para ele, a adoção de uma legislação federal seria benéfica, mas uma possível falta de votos no parlamento para uma ampla mudança na legislação dificulta a mudança. Porém, Americano lembra que há ambientes para a arbitragem desses temas, como os da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis e das agências reguladoras estaduais.