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A adoção do preço horário a partir de 2021 não traz apenas preocupação para os geradores. Grandes consumidores também estão de olho nessa alteração estrutural pela qual o setor elétrico passará em breve. Um desses consumidores é a Messer Gases para quem a energia pode passar de 80% do seu custo de produção a depender do produto. A companhia vê a mudança como um benefício para o mercado por aproximar a operação da realidade do sistema e assim reduzir encargos.
A Messer Gases é uma empresa alemã de gases medicinais, industriais e especiais, trabalha sua matriz energética de forma estratégica em sua operação, uma vez que a energia elétrica é o insumo principal na produção, um processo eletrointensivo que requer diminuição da temperatura e aumento de pressão.
Segundo a gerente da área de energia da companhia, Érika Ribeiro, com a adoção do preço horário a empresa pode se proteger melhor das variações do preço. Mas quando há diferenças que viram encargos esses valores viram custo para a companhia. Portanto, destacou ela, a adoção do PLD horário representa uma sinalização positiva.
“O preço horário vai permitir uma reação do consumidor. Já temos uma ideia do que pode acontecer, no nosso processo podemos aumentar a capacidade de tancagem. A depender do cenário podemos viabilizar investimentos que hoje não são viáveis do ponto de vista econômico”, apontou ela. “Podemos ter um tanque a mais para aproveitar o momento em que a energia estiver com preço mais baixo produzir e poder ainda atender ao programa de resposta da demanda”, acrescentou Érika à Agência CanalEnergia.
Aliás, comentou a executiva, a Messer teve interesse em participar do piloto de resposta da demanda que está em andamento no país. Contudo a empresa não se enquadrava nos requerimentos mínimos exigidos para se tornar elegível ao programa. Essa intenção tem como base a experiência da companhia nessas ações em outros países em que atua, como os Estados Unidos.
Outro reflexo que a empresa aponta como consequência do preço horário é a disponibilização de novos produtos para o mercado livre. Entre eles cita a contratação com modulação, que apesar de já existir quase não se vê no mercado porque os preços apresentam uma característica mais flat. “Acredito que devemos ver novos produtos. Além disso podemos adequar nossa operação e aproveitar as oportunidades de preços mais baixos”, reforçou.
Porém, continuou, o tamanho da reação da companhia depende diretamente da diferença entre os preços horários e ainda de uma necessária mudança de regulação e aprimoramento no modelo do setor ante a questão da remuneração de consumidores na resposta da demanda. Ela lembrou que um dos motivos da baixa adesão de consumidores livres elegíveis ao piloto de resposta da demanda foi a questão da inadimplência na liquidação do mercado de curto prazo que por conta da judicialização do GSF não há previsão de quando os consumidores que abrirem mão da produção irão receber. Para ela a solução para esse imbróglio é fundamental para a resposta da demanda avançar.
“Acredito que a reação será proporcional ao benefício. Hoje com a diferença entre os patamares que operamos não tem reação, mas com o preço horário ficará mais relevante”, avaliou. “Podemos até mesmo mudar a operação pois existe tecnologia que permite que as unidades possam ser mais flexíveis”, indicou. Atualmente a Messer possui 30 unidades de produção no país, a maior parte no Sudeste mas com outras no Nordeste e Sul do país.