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A Shell Energy Brasil (SEB) é a comercializadora de energia da gigante de petróleo e gás no Brasil. No mês de setembro completou dois anos de atuação no país em meio ao aumento das discussões sobre a desregulamentação e modernização do setor elétrico, discussão da qual diz querer fazer parte e usar sua experiência internacional do grupo em outros países. Nesse período em que opera no país registrou cerca de 1 mil operações e para 2019 tem compromisso de entrega de energia quase 500 MW médios. Mas a meta é ambiciosa, nos próximos anos é ser líder de mercado no país.

De acordo com o diretor presidente da empresa, Frederico Saliba, esse caminho passa pelo crescimento do mercado e da atuação da companhia que tem como seu foco de atuação gerir risco para os clientes e ser um agente de liquidez para o mercado. Em seu posicionamento, afirma que a empresa não faz distinção de segmento a atuar, sejam consumidores livres com acesso ao produto convencional ou incentivado.

“Nossa missão é atuar na gestão de risco e disponibilizar liquidez ao mercado livre, os dois grandes elementos de valor que a SEB apresenta para o mercado”, comentou ele na sede da empresa em São Paulo. “Não temos preconceito com fontes também, em um país que precisa de 700 MW a 1 GW de nova energia todos os anos precisamos utilizar todas elas, pois há uma complementaridade técnica entre elas, sejam renováveis ou a riqueza que é o gás natural do pré-sal”, apontou o executivo, que destacou que a única fonte a não ser incluída no portfólio da Shell é o carvão.

Em sua entrevista, Saliba destacou por algumas vezes a palavra integração para definir o posicionamento da comercializadora dentro do grupo que tem atividades em diversos segmentos. Dentre eles, a exploração e produção de petróleo e gás, distribuição de combustíveis, e mais recentemente, a geração de energia por meio de uma joint venture na térmica Marlin Azul com 565 MW de potência instalada com a Mitsubishi e o Pátria Investimentos.

Nesse sentido, a SEB poderia até mesmo seguir o caminho que algumas empresas vêm tomando para garantir a expansão no mercado livre que é assegurar a compra da energia para revendê-la a clientes. Essa opção, disse ele, é considerada por meio de renováveis, mas desde que faça sentido do ponto de vista econômico para a comercializadora. Não é um movimento que a companhia faria somente por ter esse ativo em seu portfólio de geração. Mas a decisão de investimentos passa pela unidade de negócios chamada Novas Energias, que avalia projetos não somente no Brasil, mas em diversas regiões. No foco da empresa estão aportes que devem passar globalmente a US$ 3 bilhões em 2020, conforme apontou em evento promovido pela própria empresa o presidente da holding no país, André Araújo.

“Não temos preconceito com fontes , em um país que precisa de 700 MW a 1 GW de energia nova todos os anos precisamos utilizar todas elas, pois há uma complementaridade técnica, sejam as renováveis ou a riqueza que é o gás natural do pré-sal”

“Nosso modelo de negócios é igual ao de qualquer comercializadora, integrada ou não. Você sempre pode utilizar fontes de terceiros ao fazer o trade para suprir a necessidade do cliente próprio e o fato de haver esse corte de 2,5 MW para convencional e de 0,5 MW a até esse limite para incentivada sendo esse último o que tem gerado um volume grande não é fato inibidor de negócios ou de procura de clientes que querem fechar contrato com a Shell”, afirmou Saliba. “Cabe a mim em comercialização de energia manter a vocação de liderança de mercado. Algo que eu busco incessantemente como ambição é nos anos que virão nos tornarmos líderes na comercialização de energia. Essa é uma vocação do Grupo”, enfatizou.

Outro caminho que a comercializadora vislumbra nos próximos anos é a possibilidade de criação de novos produtos com a chegada do advento do preço horário. Ele reforçou que essa tendência é possível uma vez que a empresa tem como dois grandes objetivos a geração de liquidez e gestão de risco. E, quando se institui um elemento operacional necessário que é a visualização do valor da energia na hora para se proteger das variações, há uma nova demanda. Consequentemente representa uma nova oportunidade de negócios. E a empresa quer utilizar sua experiência no exterior em mercados para atuar localmente.

Segundo Saliba, a comercializadora da Shell que opera na América do Norte tem 10 GW  de capacidade sob gestão. São diferentes mercados com diferentes regras, mas todos tendo em comum o preço horário. Em sua análise, os produtos que existirão por aqui dependerão das regras a serem criadas.

Crise e oportunidade

O executivo aproveitou para relatar que no mercado nacional é necessária a criação de instrumentos de proteção ao crédito na comercialização. Ele avalia que o arcabouço atual é consolidado, mas disse apoiar a proposta da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica acerca da chamada de margem para a liquidação das operações no mercado de curto prazo. Para ele, o caminho está correto, mas talvez a dosagem precise ser mais bem avaliada quando questionado sobre a periodicidade semanal proposta pela câmara. “Não necessariamente precisa ser semanal, não é o período que vai fazer com que o risco deixe de existir ou não e sim a exigência que se um contrato de preços estiver deficitário para uma parte, que essa parte seja obrigada a depositar no sistema para garantir da solvência de todos”, argumentou.

Aliás, a SEB viu um aumento da procura de clientes pela empresa em seu segundo ano de operação justamente pelas turbulências que o mercado passou no início de 2019. Saliba não apontou qual foi o crescimento dessas consultas, mas destacou que houve o aumento da procura e atribui esse comportamento à marca da companhia sólida que a SEB carrega do grupo ao qual pertence.

Ele relaciona entre os pontos que reforçam sua avaliação, além da reputação da marca, a  força de crédito da Shell, o que tem ajudado a atrair clientes, e ainda, o foco em padrões de conduta ética que a empresa prega. Sobre as discussões em andamento, Saliba destacou que no processo de abertura do mercado livre que está em consulta, o importante não é a velocidade em si, mas a previsibilidade e a certeza de que uma medida vai acontecer. Para ele, a partir disso, independente de quando ocorre, os agentes se adaptam às condições do ambiente onde estão inseridos.

Inclusive, disse ele, apesar da SEB ter chegado ao país em meio às discussões da CP 33, esse não foi um movimento decisivo para a chegada da empresa. Segundo seu relato, em nenhum momento a questão regulatória foi um entrave ao aporte da empresa no ACL do país. “A aposta na melhoria do setor já vem sendo considerada no nosso planejamento há bastante tempo, não vi essa questão sendo um fator decisório para a chegada”, afirmou.

“O momento é favorável para a abertura e essa abertura traz investimentos, essa é a minha percepção”

Ele elogiou a CP 33, que classificou como ‘muito bem montada e estruturada’. E avalia que o futuro será brilhante no setor elétrico nacional, por permitir um ambiente livre, apesar de considerar que ajustes devem ser feitos. Entre eles o principal é a eliminação da judicialização do setor acerca do GSF.  “O momento é favorável para a abertura e essa abertura traz investimentos, essa é a minha percepção”, sentenciou.

Por estar associada a uma holding do setor de petróleo e gás, Saliba disse que a empresa tem interesse e está de olho na expansão do mercado de gás natural. Mas avaliou que a fase atual dessa política ainda é de transição e complexa. Mas que o momento também é favorável. Para ele, o caminho deverá ser longo, mas que a SEB terá participação de fato nesse segmento.